Exorcismo no Jaburu.
Hoje, 20 de junho de 2017, terça feira.
Era para ter sido um final de semana igual aos outros, com notícias e mais notícias de corrupção ricocheteando por todos os lados do Palácio. Coisa corriqueira que já se tornara hábito para seus frequentadores. Porém ocorreu o inesperado: O "Chefe" de inopino sucumbiu!
Não, não foi desta para pior, absolutamente, não! Ele fechou os olhos e começou a "vagar" pela casa como uma alma penada! Dizia besteiras e repetia o nome "JBS" como se fosse um "encosto" vivo de inimigos mortais.
A primeira dama chamou uma legião de esculápios de todas as especialidades possíveis e inimagináveis, mas nada adiantou. A “figura” permanecia agindo como um ser "fora da casinha"!
O mais graduado e experiente dos esculápios depois de várias Juntas Médicas com seus colegas, reuniu toda a camarilha, digo, todos os Ministros e enfaticamente anunciou:
- Chegamos há conclusão que se trata de um caso perdido! A medicina não tem solução, resta esperar pelo pior!
Enquanto isto o paciente zanzava pelas dependências do prédio, de olhos fechados, e falando palavras indecifráveis. Todos os presentes começaram a chorar compulsivamente, menos a primeira Dama que foi tomar café. Tipo de reação de puro nervosismo, dizia o atônito chefe de gabinete para “limpar" a barra da mulher! Um serviçal mais afoito dirigiu-se à funerária para evitar correria de última hora. O clima na casa estava um velório de defunto vivo.
Eis que de repente apareceu o Sinfrônio, velho jardineiro do serviço público, lotado no Ministério da Administração e que trabalhava para manter impecáveis as flores e grama do Jaburu. Ele viu o movimento de pessoas na casa , saindo, chegando e chorando.
E como quem não quer nada aproveitou o descuido dos seguranças entrou para ver o que estava acontecendo. Deparou com o "patrão" sem eira e nem beira. Ele logo entendeu o que estava acontecendo, mas ficou calado.
Só falou quando um Ministro em desespero gritou:
- Alguém por acaso sabe como podemos salvar nosso querido Chefe?
- Eu sei! - respondeu Sinfrônio - Ele está possuído pela Alma da Honestidade!
Todos os presentes se benzeram quando ouviram aquela palavra odiosa e desconhecida no meio de Brasília.
- Vou buscar um exorcista da Igreja Universal e ele vai resolver o problema!
E como Sinfrônio era decidido saiu e logo voltou acompanhado de um bispo da referida igreja. Todos os presentes fizeram silêncio sepulcral, só a primeira Dama continuou animadamente conversando no telefone celular com uma amiga do Country Clube.
O bispo compenetrado no seu ofício começou rezando por alguns minutos e de inóspito tirou do bolso algumas notas de cem dólares, mostrou para o exorcizado e disse em voz alta:
- Quem quiser saber onde está um rico empresário que tem milhões de notas como esta, favor me seguir!
E saiu do Jaburu seguido pelo presidente com os olhos bem abertos que gritava com todos os pulmões: Eu, eu, eu!”“! E logo atrás como num cortejo carnavalesco todas as demais pessoas que cantavam:
- "Ei, você aí,
me dá um dinheiro aí,
me daqui um dinheiro
aqui!"
E assim a tragédia que se avizinhava resultou numa história alegre com final feliz. Só faltou o Loures!
A primeira Dama foi a única que ficou jururu no Jaburu e nunca ninguém soube por quê! A charada está em você adivinhar...
"Tem mil maneiras de ficar possuído por uma alma penada e uma só fórmula para resolver o problema. Exorcizar até é possível, mas quando o dinheiro falar mais alto é o mais santo dos remédios!"
Edson Vidal Pinto