Farinha do Mesmo Saco.
É interessante como os ditos populares tem fundo de verdade porque são frases lapidadas ao acaso mas tem a profundidade de traduzir a verdade nua e crua. Exemplos : “diga-me com quem andas e eu te direi quem és”; ou “amigos, amigos negócios a parte”.
Nesta última frase existe o verdadeiro sentindo do que seja amizade -, um sentimento humano que brota da empatia e se conserva pela discrição, respeito e lealdade. Os caminhos de dois amigos verdadeiros podem ser opostos inclusive moralmente e contrário à lei, mas o sentimento de fraternidade que une duas pessoas não pode ser esquecido.
Amigo é amigo para sempre e para qualquer hora. Lembro para ilustrar a amizade de juventude entre o então Presidente Truman dos EEUU e um seu amigo que na fase adulta se tornou um gângster famoso e acabou sendo morto pela polícia. Na época a popularidade do Presidente estava em baixa face o desprestígio que ele e sua esposa eram tratados pela Imprensa, principalmente porque ela não gostava da vida social em Washington e preferiu morar na fazenda do casal ao invés da Casa Branca.
Apesar da pouca popularidade o Presidente (que no mandato havia substituído o Presidente Roosevelt que tinha falecido) não desistiu de concorrer à reeleição apesar de todas as dificuldades aparentes. E no clímax da campanha foi que seu amigo de infância morreu. Foi quando a amizade entre os dois homens falou mais alto e Truman decidiu comparecer no enterro.
Claro que seus assessores diretos lhe aconselharam o contrário a fim de não dar mais motivos para os jornalistas denegrirem ainda mais sua imagem pública. Ele não deu ouvidos e compareceu no enterro para homenagear o amigo e prestar solidariedade aos seus familiares. Daí o dito popular “amigos, amigos negócios a parte”. Por pior que tenha se sido o amigo na vida o carinho da amizade é imorredoura.
A imprensa tripudiou a atitude de Presidente pelo fato de ter comparecido no enterro de um bandido. Apesar de tudo isto o Presidente foi reeleito. Mas como justificar a aliança entre homens que nunca foram amigos e nunca tiveram um mínimo de apreço um pelo outro ? Só pode dita aliança ter acontecido porque “os iguais sempre se atraem”, principalmente quando há conveniência para sobreviver politicamente e daí a solução impõe “amizades” inusitadas. Exemplos ? Cito duas destas “amizades” mais recentes - Luiz Ignácio e Alckmin e Requião e Beto Richa - ambas extraídas do âmago de todas as impossibilidades. Por quê ? Porque nunca se suportaram, tiveram modelos de vida totalmente diferentes e sempre estiveram trombando entre si. De repente para poderem ter um sopro de sobrevida política e deixar o ostracismo saem de suas cavernas e fazem um pacto de “amizade” para tentar voltar à vitrine do Poder.
Quatro indivíduos que só agora mostram que são do mesmo naipe de cartas e querem voltar à cena política há qualquer custo, pouco importa o passado. O que ficou para trás eles varrem a sujeira para debaixo do tapete. Vale muito bem para ilustrar nesta sintonia de conveniências o dito popular : “diga-me com quem andas e eu te tirei que és”.
Não sei quem é quem nesse emaranhado de intenções e nem quero saber o que fizeram ou deixaram de fazer, mas que é digno de gargalhadas ninguém pode negar. Cabe ao eleitor tirar conclusão e optar se eles merecem ou não o voto, pois afinal só na política é que acontecem coisas tão esdrúxulas que que só o apóstolo Waldomiro é capaz de explicar…
“Os políticos é que tornam a política a casa da mãe Joana, onde vale tudo, a palavra dada não vale nada e o bom senso não existe. Para continuar visível o político partidário faz qualquer aliança e negócio. Basta surgir a oportunidade.”
Édson Vidal Pinto