Fascista!
Vivemos momentos estranhos após o término das eleições; pessoas transtornadas com a derrota nas urnas, expelindo ódio, procuram rotular aquele que votaram contra o PT de: “fascistas”. O próprio Bolsonaro foi tratado assim desde que aspirou disputar a presidência. Confesso que em três ocasiões na minha vida tive o desprazer de ter sido referido, como tal.
Na primeira, num editorial do extinto jornal de “O Estado do Paraná”, cujo título levou meu nome completo em letras garrafais, escrito pelo saudoso jornalista Mussa José de Assis, seu redator-chefe.
O motivo estava assentado no fato de que eu, no exercício de meus deveres funcionais como Promotor de Justiça ter oferecido denúncia contra vinte e um jornalistas da imprensa escrita, falada e televisiva de Curitiba, pelas práticas de calúnia prevista na antiga Lei de Imprensa.
O fato aconteceu dentro de uma sauna pública quando um frequentador praticou atos libidinosos com um menor, tendo sido preso em flagrante delito. Posteriormente o Juiz de uma das Varas Criminais da Capital, com a concordância do Promotor de Justiça, concedeu ao acusado o direito de responder o processo em liberdade.
Daí a sensacionalista crônica policial das rádios, jornais e TVs veicularam que a prisão fora relaxada “por que correu dinheiro embaixo do pano”, com referências expressas das participações do Juiz e do Promotor. Estes, nas condições de vítimas, representaram contra os jornalistas responsáveis pela notícia mentirosa.
Fui especialmente designado pelo Procurador-Geral de Justiça para atuar no feito.
E após estudar o inquérito policial ofereci a devida denúncia. Em razão disto adveio o editorial do jornal, com a alusão de que eu era um fascista por tentar impedir que os réus tivessem livre opinião e cerceado o sagrado direito da Imprensa de poder informar.
Tempos depois, no curso do processo, o jornalista Mussa José de Assis, responsável pelo editorial, quando me conheceu melhor e avaliou minha conduta e independência profissional, reconheceu minha atribuição legal e fez questão, de pessoalmente, me pedir desculpas. Daí então nos tornou bons amigos. E Lamentei muito o seu falecimento precoce.
A segunda vez, quando Jaime Lerner eleito pela primeira vez governador do estado, cogitou numa conversa entre seus amigos mais próximos que iria me convidar para ser o Secretário de Estado da Segurança Pública.
A notícia caiu nos ouvidos do falecido Aníbal Khoury, então Presidente da Assembleia Legislativa, que ao saber do provável convite foi conversar com o futuro governador e vetou meu nome, dizendo que eu seria um “fascista” no cargo, pois impediria sua ingerência política nas polícias.
Não fui convidado para o cargo e soube do ocorrido meses depois, por intermédio de um querido amigo, quando então eu ocupava a Secretaria de Estado da Justiça. Eu e o Aníbal nunca nos toleramos. E a terceira vez, em que fui referido como fascista, aconteceu dias atrás, através do comentário de um leitor de minhas crônicas, Sr. Roger Carvalho Januaria, de Minas Gerais, que não gostou do texto que escrevi sob o título: “E AGORA? O FASCISTA GANHOU A ELEIÇÃO!”.
Este escrito só na minha página restrita do WhatsApp teve três mil e novecentos e cinco curtidas, fora outras no blog da jornalista Bebel Ritzmann, e de ter sido lido por leitores do “Jornal da Hora”, de Guaratuba, que o republicou em forma de editorial.
Li o comentário do Sr Roger com muita atenção e nem liguei, pois no espaço seguinte outro leitor referiu que o indivíduo em questão é um conhecido líder sindical daquele estado. Sua insatisfação com certeza é fruto de sua própria militância.
Não levei a sério, embora eu sempre respeite as opiniões alheias. Só não, quando dizem que sou fascista, por não compartilhar com o PT e seus asseclas...
“A turma da esquerda festiva é mentirosa de carteirinha; porém quando alguém lhes diz umas verdades, eles logo rotulam que a pessoa é “fascista”. São obtusos e covardes!”
Edson Vidal Pinto