Febre Amarela.
O povo brasileiro está sobressaltado com o retorno da febre amarela no Estado de São Paulo. Doença grave que aos poucos vai se alastrando para os estados vizinhos, transmitido pelo mosquito infectado.
A vacina foi descoberta pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz, para fazer frente às péssimas condições de higiene do porto e falta de saneamento do Rio de Janeiro. O governo federal ao que parece se descurou do controle das doenças cíclicas, tanto que reduziu consideravelmente o valor do orçamento do Ministério da Saúde, para fazer frente às necessidades logísticas indispensáveis para o controle desses males. Ninguém pode brincar com a saúde do povo.
E o pior: não existem vacinas suficientes para serem aplicadas. Então, fracionaram em diversas doses, para melhor atender a população. O efeito, de proteção permanente, é atestado após a quarta dose; ou uma única vacina contendo as doses completas. Atualmente o brasileiro para viajar ao exterior necessita da carteira de saúde de vacinação contra a febre amarela, sob o risco de não poder entrar em outro país.
E a vacina? É pensando nela que eu escrevo esta crônica, pois sou vacinado! Lembro como se fosse hoje, mas foi no ano de 1.970, na pacata cidade de Jaguapitã, onde eu exercia as minhas funções de Promotor de Justiça. Era governador do estado o Dr. Paulo Pimentel, sendo o Secretário de Estado da Saúde o saudoso médico Arnaldo Busato. Seguindo normas do Ministério da Saúde houve uma campanha nacional de vacinação contra a febre amarela. Promoção que alcançou todas as cidades do Paraná.
E quando chegou a vez de vacinar a população de Jaguapitã, o Prefeito Municipal da época resolveu convidar o Secretário de Saúde para estar presente e organizou um evento festivo, foi até montado um palanque oficial na rua principal, para os discursos das autoridades sobre a necessidade da vacinação contra essa doença.
E na programação elaborada foram convidados o Juiz de Direito, Dr. Carlos Raul da Costa Pinto, e eu como Promotor de Justiça, além é claro do próprio Prefeito, para sermos nessa mesma ordem vacinados pelo Dr. Busato, no palanque e às vistas dos presentes.
Depois dos discursos, chegara o ponto culminante do ato público: as vacinações. Eu fui o segundo. O Secretário atuou como “verdugo”: mirou o meu braço esquerdo, molhou o local com um pouco de álcool e injetou com uma seringa o líquido da vacina, que eu fingi não ter doído nada. No fundo, no fundo, só não gritei e nem chorei para não me desmoralizar; parecia fel entrando no músculo e batendo no osso.
Que dor insuportável. Minha esposa também foi vacinada na ocasião. Meia hora depois da aplicação comecei a sentir arrepios de frio, fui para casa e cai de cama. Febre de quarenta graus! Levei quase uma semana para me recuperar. Minha mulher não teve nenhum sintoma de desconforto com a vacinação.
Acho que ganhei a loteria do azar, meu braço esquerdo parecia que iria necrosar e cair. Temi que pudesse ficar maneta. Só hoje fiquei sabendo que a vacina vale para toda a vida; em outras palavras: não há necessidade de reforço e de novas doses. Acho que é por isso que eu estou contando os sintomas da reação que eu tive, pura maldade para os que ainda não se vacinaram, não é mesmo? Eu também acho...
“Prevenir os males de doenças que comprometem a saúde é importante para garantir melhor qualidade de vida. Vacinar contra a febre amarela é imperativo, e o mais importante: não dói nada e nem dá reação. Salvo se você for um pouco azarado!”
Edson Vidal Pinto