Feito um para o outro
É sábio o ditado popular que diz: “os semelhantes se atraem”. Para quem observador do cotidiano é fácil constatar que as pessoas que se reúnem habitualmente, estão entrelaçadas pelo modo de ser e de agir de cada um, formando entre todos uma corrente sinergética para o bem ou para o mal. Bandido atrai bandido; gente de boa índole atrai pessoa de bem; ninguém recebe em casa um marginal ou um corrupto, a não ser que seja um deles. É assim, também, no casamento. Lembrando que o matrimônio é uma sociedade civil e para subsistir é necessária a “affectio” entre os cônjuges, ou seja, a afeição entre os “sócios”. Quando acaba a “afeição” o relacionamento entre os cônjuges deixa de existir, daí, então o divórcio. Já na sociedade civil (propriamente dita) quando termina a “afeição” “entre os sócios a pessoa jurídica não mais prospera e tende a falir. Quem convive com quem não presta? As únicas exceções são os parentes consanguíneos, pois, quanto aos demais existe um interesse que torna justificável o elo de amizade e suportabilidade diferente quando a amizade foi construída na infância e os dois amigos, quando adultos, tomam caminhos diferentes na vida, um para o bem e o outro para o mal. Esta circunstância não faz romper o cordão umbilical da amizade forjada na inocência de duas crianças. Tem um fato acontecido com uma grande figura da história que retrata bem a diferença entre ter amizade com delinquente e ter um amigo que depois se tornou um bandido.
Ter amizade com quem não presta é uma coisa, cultivar a amizade de infância com pessoa que posteriormente deixou de prestar é outra. O Presidente dos EEUU Harry Truman teve um amigo de infância que delinquiu e acabou morto pela polícia, justamente na época em que concorria à eleição para permanecer no cargo. As pesquisas lhe eram desfavoráveis por ser um político independente, rigoroso e de difícil trato social. E mesmo aconselhado pelos seus auxiliares para não comparecer no funeral do amigo, o Presidente ignorou e foi as exéquias. A imprensa não perdoou, mas, mesmo assim, ele acabou ganhando a eleição. Afinal, por quê uma introdução com tantos detalhes para escrever uma crônica? Só para dizer que os iguais se atraem? Exatamente. Por ser uma verdade insofismável. Exemplo? Aqui vai um recente, ainda quentinho, saído do forno. Tem um vídeo mostrando detalhes da ação furtiva do Luiz Ignácio na sua última viagem à Índia quando no término da reunião com líderes de outros países, ele “afanou” um punhado de canetas que estavam à sua frente, na mesa dos trabalhos, e ardilosamente aproximou-se de sua companheira Janja e entregou o material subtraído para a mesma que, mesmo olhando para outro lado, abriu a bolsa que estava a tiracolo e colocou o produto do crime dentro dela. Um furto de bens públicos na maior cara de pau. Uma cena hilária se não fosse vergonhosa para o povo brasileiro, protagonizada por um casal sem eira e nem beira, sem berço e nem vergonha. Escrever o quê, mais? Nada, nadinha, pois quem roubou bilhões também rouba tostões …
“O pior dos criminosos é o ladrão: porquê ele é repetitivo, dissimulado e capaz dos maiores (e menores) desatinos. Confiar em gatuno e larápio é ter certeza de que será a sua próxima vítima, mais cedo ou mais tarde.”