Fórmula para matar o ócio
Vamos e venhamos que o isolamento social é uma “nhaca” ninguém duvida, por mais que a casa da gente seja o nosso paraíso e abrigo tem momentos que a monotonia e a falta de convivência com os parentes e amigos chega a irritar. E o pior: ouvi comentários que o tal do vírus poderá ficar entre nós por mais uns dois anos até que a maioria esmagadora da população tenha adquirido imunidade (anti-corpos). Salvo que algum cientista invente a vacina que imunize a doença. Já imaginaram? Se isto for verdade é crucial preencher o tempo ocioso para evitar a camisa de força. Como? Eu achei a fórmula mais simples possível e sem precisar pedir a opinião de ninguém, apenas coloquei o cérebro para funcionar.
Como todos sabem moro em um apartamento -, daí, para “matar” o tempo comprei ontem de uma só vez: um cachorro da “marca” Pastor Alemão, uma vaca leiteira, um porco adulto e um papagaio alfabetizado que pertencia a uma marinheiro. E foi a solução milagrosa para afastar a solidão, a cabeça vazia e a preocupação com o CV-19. E tudo sem a necessidade de frequentar a igreja do apóstolo Valdomiro, para pagar por um milagre. Gente, verdade, pois foi a solução dos meus problemas existenciais. Vocês precisam ver que gracinha a vaca leiteira sentada no sofá da sala e com as patas traseiras sobre a mesa de centro. Ela gostou tanto que só fica em pé para ser ordenhada. O cachorro só quer ficar na varanda latindo sem parar para os automóveis que passam pela rua Padre Agostinho. Tem motoristas que ouvem os latidos vindo do décimo quinto andar e acenam para o alto, alguns de cara feia.
O porco? Ah, o porco, pançudo, mal cheiroso e com cara de poucos amigos anda por todos os cômodos do apartamento chafurdando cada metro quadrado. Dá gosto de ver a sua agilidade e seu rabinho de saca-rolhas. E o velho lobo, o papagaio, se apoderou da mesa de jantar porque pode patinar sobre o tampo de vidro deixando rastros profundos com suas unhas afiadas. Não sei porquê a minha esposa resolveu passar uma temporada na casa do meu filho mais velho, acho que não gostou da minha compra. Meu vizinho de andar ainda não reclamou por ser um amigo muito educado. Mas não sei se não haverá uma rebelião no condomínio. Com os animais em casa passei a não ter tempo para nada, nem mesmo para assistir televisão e muito menos a Rede Globo. Já nem sei mais quantos morreram e quantos se salvaram.
Com a ventania que está assolando Curitiba as janelas de casa estão escancaradas para diluir o cheiro da “turminha”, pena que o vento que circula derrubou todos os vasos de flores e um quadro do Kruguer da parede, rasgando a tela. Ora que se vão os anéis mas que não fique a solidão e a calma que enerva. A hora mais divertida é quando tenho que levar os bichos para para fazer xixi e cocô na rua. Coloco todos na coleira, inclusive o papagaio, a vizinhança toda sai na janela para ver, tem motoristas que param os carros e pedestres que ficam espantados, com certeza se sentindo diminuídos por terem apenas um simples cachorro na coleira. Eles estão é morrendo de inveja. Único problema é o papagaio pois ele pensa que está em uma reunião ministerial e recita toda a ladainha de nomes de baixo calão que aprendeu no mar. E olhe que são tantos e alguns até desconhecido do grande público. Enfim descobri por conta própria um jeito de vencer a paúra.
Só não sei como fazer quando tiver que ir às compras no supermercado, pois não sei quem poderá cuidar dos meus animais na minha ausência. Tomara que algum morador do prédio se ofereça; mas se ninguém quiser, será que você que está lendo esta minha história não está disponível para assumir tal encargo? Não se acanhe e apareçaaaaaa ...
“Não fique meditabundo, acanhado, aborrecido e infeliz no período do confinamento social imposto pelo CV-19. Invente algo para preencher o tempo e saia da frente da TV. Eu estou oferecendo uma “dica” para seus males. Basta seguir meu exemplo e dar um fim ao maldito tédio!”
Edson Vidal Pinto
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