Ganhei na Loteria!
Como é bom quando desistimos de realizar uma viagem de final de semana para a praia e no período previsto chove a cântaros e esfria. É quando intimamente pensamos : “Putz, ganhei na loteria !” Pois “lucrei” mais ficando em casa. O mesmo ocorre quando surge um problema de última hora e somos forçados a desistir de uma pescaria com um grupo de amigos e depois ficamos sabendo que ninguém pescou um mísero baiacu.
Azar para alguns e sorte para outros. E ter sorte por fazer ou deixar de fazer, quando tudo dá certo ou errado, não é como se tivesse ganho na loteria ? Claro que é, não é mesmo ? Pois aconteceu comigo neste final de semana quando voluntariamente optei por não assistir o debate dos candidatos à Presidente da República, levado ao ar pela TV Band, em razão do grande número de participantes que com certeza resultaria numa mistura de opiniões e acusações, como se todos eles estivessem construindo a Torre de Babel para alcançar o céu.
Claro que cada um falando língua diferente do outro, com disparidades quanto a postura individual e com rancores próprios do embate político, o resultado final seria favorável à quem mentisse mais, tivesse ares de acusador sem olhar o próprio rabo, fosse candidato de uma nota só ou prometesse o mundo ou o fundo para salvar a Pátria. Do embate todos procurariam enfraquecer quem está no cargo querendo, principalmente, desbancar aquele mais cotado para poder figurar no segundo turno. E pelos poucos comentários que ouvi o enredo do programa teve a previsão esperada.
E como no horário eu assisti um ótimo filme pela Netflix, posso dizer que não perdi o meu tempo com discussões sem objetividade e, portanto, ganhei na loteria. Preferi apenas juntar os cacos que sobraram após o debate para não passar como eleitor omisso. Segundo a manchete do jornal “Folha de São Paulo” o Bolsonaro atacou as mulheres e perdeu pontos significativos para sua reeleição. Ele teria deixado o programa com o pejo de misógino na sua biografia, antes conhecida apenas como genocida e facista.
Um rótulo que não lhe cabe por ter sido deselegante com uma jornalista e uma candidata, pois como sabido sempre prestigiou as mulheres com cargos no primeiro escalão do governo. Ofensa improprias contra mulheres por circunstâncias isoladas não induz ninguém acreditar que ele não goste de mulheres. Como era previsto o Ciro focou sua participação na “odienta polarização” da disputa entre o Bolsonaro e o Luiz Ignácio, tentando, inutilmente, desfazer num programa que pouco se prestará para mudar as preferências dos eleitores a ordem normal da disputa. Foi o falastrão de sempre com sua conhecida arrogância e arroubos de valentia -, o único entre os candidatos varões que agrediu a própria mulher.
A candidata Tebes foi a mais simpática para as hostes petista porque bateu e rebateu na única tecla : a vacinação contra a COVID. Pois tendo participado da CPI do Senado Federal deitou e rolou sobre o tema que conhece muito bem, atacando o Bolsonaro pela omissão na vacinação e responsabilizando-o como único culpado pelas centenas de milhares de mortes ocorridas no país. Tema requentado de uma CPI que não deu em nada. Muito bem articulada mas sem nenhuma proposta aparentemente viável que possa colocar o país nos eixos.
Também participaram como debatedores os candidatos Soraya Tronick e Luiz Felipe D’Avila, ambos como dois aventureiros numa arena repleta de touros escolados e com mil horas de praia cada um, querendo ambos figurar com igual importância mas sem terem um mínimo de cacife para isto. Meros figurantes sem nenhuma chance de alcançarem sucesso nestas eleições. E o Luiz Ignácio ? Ora, o Luiz como sempre um mentiroso-mór, homem de mil faces, o verdadeiro cara de pau a ponto de ter dito sem perder a pose que não é corrupto, pois “foi absolvido pelo STF e por duas vezes pela própria ONU”. Pircorococó é verdade Terta? Só petista ou socialista burguês deve responder que sim.
Este o resumo do que pude extrair dos ecos do debate que chegaram nos meus ouvidos. Foi ao que parece um programa insosso por não se prestar para bem informar aos eleitores das plataformas de cada candidato, as propostas de soluções para os mais variados problemas e muito menos para apaziguar o povo brasileiro de um futuro mais harmonioso e sem divisão de classes. Ademais não serviu para modificar a preferência de nenhum eleitor por seu candidato, salvo para àqueles mais volúveis e os que ficam sempre encima do muro para votar em quem a opinião pública acha que vai ganhar …
“Debate com seis candidatos para um mesmo cargo eletivo não permite ninguém avaliar qual deles está mais habilitado para dirigir os destinos do país. Serve apenas para colocar a nu : gafes, acusações e mentiras. Não se presta para modificar a preferência do eleitor do candidato que já escolheu.”
Édson Vidal Pinto