Governador de Bolso Cheio
Não apenas por ter sido Promotor de Justiça com atuação na área do direito penal e ter me dedicado a combater criminosos de periculosidade que aprendi a respeitar o trabalho policial, pois também tive a feliz oportunidade de ter sido diretor-geral da Secretaria de Estado da Segurança Pública, quando então convivi mais de perto com muitos deles e aprendi a dar o devido valor por suas atuações e dificuldades que enfrentam no dia a dia.
Não é uma profissão para qualquer indivíduo pois para agir na linha de frente e enfrentar marginais a pessoa tem que ter coragem, discernimento e muito equilíbrio. A emoção de agir e a adrenalina faz com que somente o policial bem treinado consiga manter o controle na hora do perigo. É uma tarefa difícil que pode custar o preço da própria vida. Claro que tanto nas corporações policiais como em qualquer outra tem indivíduos desclassificados mas são minorias.
Como Promotor quando recebia um inquérito policial incompleto e o delegado pedia prazo para complementar as diligências nas ocasiões em que concordava sempre consignava em meu pronunciamento qual a prova que eu precisava para formar minha convicção sobre o fato e me convencer da responsabilidade penal do indiciado. E sempre fui atendido com presteza pela autoridade policial. Tudo suficiente para que pudesse então requerer o arquivamento do inquérito ou oferecer a denúncia contra o autor do ilícito. Na Secretaria de Segurança Pública além de executivo da Pasta como responsável pela vida financeira e orçamentária de todo o sistema tive atividades operacionais que jamais recusei. A mais simples era coordenar a “Operação Carnaval” com assessoria do Delegado-geral da Polícia Civil e do Comandante Geral da Policia Militar, em um gabinete improvisado nas dependências do Instituto de Educação da rua Emiliano Perneta, nas noites de desfile dos blocos na Avenida Marechal Deodoro.
A festa era sofrível mas com muita confusão em vários cantos da cidade. Uma outra ação era coordenar a “Operação Integrada Paraná” em todo o estado que visava combater a sonegação fiscal e crimes em geral. A ideia surgiu de um plano idealizado pelo Secretário de Segurança (Noronha) e o Secretário da Fazenda (Haully), com resultados expressivos. As operações consistiam em barreiras montadas em três ou quatro pontos estratégicos de trechos de estradas em regiões próximas e contava com funcionários do fisco estadual, federal, Policia Rodoviária, Policia Florestal, Tropa de Choque da Polícia Militar e uma equipe de policiais civis subordinada a um delegado de polícia.
Estive presente em todas essas ocasiões com chuva ou sol, na madrugada com frio e muitas vezes sob o sereno e sentindo a umidade pelos pés. Pude então avaliar um pouco como atua um policial na sua atividade fim. E por último coordenei uma mega operação ocorrida na cidade de Goioerê quando num assalto ao Banco do Brasil o gerente foi mantido refém dentro do estabelecimento. Foram três dias tensos, de muita negociação, com pessoas do local se intrometendo e querendo ajudar (mas atrapalhando) a ação policial. Teve até uma freira que “apareceu” para convencer os assaltantes a se entregarem, o prefeito que emprestou o avião para a fuga e deliberadamente deu ordem ao seu piloto para impedir o rastreamento da aeronave pelo Cindacta, e a juíza da comarca que se sentiu desprestigiada por não ter sido comunicada sobre as ações da polícia.
Qualquer dia vou contar detalhes deste episódio que daria um bom livro de cabeceira. É por tudo isso que valorizo e prestigio a atuação dos policiais paranaenses. Pena que o governador Ratinho nunca tenha tido a experiência que tive e ignore a importância desses profissionais que merece justa consideração. Pois não titubeou em dar um percentual de reposição de salário pífio e quando policiais civis protestaram colocou a polícia militar para lhe proteger. Não custava abrir o diálogo e buscar a melhor solução. Mostrou o governador insensibilidade e o Secretário de Segurança um comportamento servil e omisso por não impedir uma cena deprimente. Claro que este não tem o que se queixar porque além de ganhar o soldo de militar do exército também recebe o salário do cargo comissionado. Esse é o governador Ratinho que não tem a mínima consideração pelo funcionalismo público porque não precisa viver do salário publico, pois sendo filho de quem é dinheiro é que não lhe falta …
“Há anos o funcionalismo público não tem aumento salarial e muito menos reposição salarial condigna que dignifique a Categoria. A pretexto de uma pandemia e perda de arrecadação ao contrário dos salários o Ente Público nunca abriu mãos de sua receita e nem de
aumentar seus tributos.
Marca de um governo insensível.”