Grandes Fortunas.
Não, não vou falar dos que amealharam dinheiro ao longo do tempo em razão do trabalho, do suor, da inteligência ou da criatividade. Mas dos outros, daqueles que nos diversos momentos da sociedade em transformação, conseguiram ganhar tanto dinheiro sem esforço, por puro oportunismo.
Também não vou retroceder muito no tempo e nem na História, nem vou trazer à tona riquezas de reis, rainhas ou ditadores que não fazem parte de nosso país. Aliás, vou simplificar o aborde para os limites de nosso próprio dia-a- dia -, sem ferir empreendedores, pessoas que enxergaram além de seus tempos e nos que enfrentaram com destemor acreditando na sua própria capacidade produtiva.
Não, vou tecer elucubrações daqueles que enriqueceram sem esforço, que se sustentaram com o dinheiro alheio ou pela benesse do próprio Estado. E o que me chamou a atenção para este tema foi à notícia veiculada pela imprensa dando conta que o Grupo Positivo foi vendido para outro grupo educacional, por cifras faraônicas.
E pensar que tudo começou com um pequeno conglomerado de salas de aulas e atingiu proporções gigantescas. Escolas particulares são verdadeiras minas de ouro e prova inconteste da falência do ensino público.
Enquanto uma se agiganta a outra mingua. Será que os dirigentes do MEC não estão contribuindo diretamente para isto, a fim de tirar partido? Eis uma pergunta para reflexão. Nem as Secretarias de Estado da Educação têm o mínimo empenho para reverter essa situação, tanto assim, que os professores das escolas públicas não são qualificados, reciclados e muito menos ganham o que deveriam ganhar para viver com independência econômica e dignidade.
Dá a impressão que o ensino público deve permanecer assim para favorecer a voracidade dos empresários do ensino particular. Até quando? Outra pergunta, apenas para pensar. E os Cursos Superiores seguem na mesma toada -, as Universidades Públicas perderam a qualidade para formar bons profissionais, porque seus professores que ganham o suficiente, fazem do magistério um “bico”, com algumas exceções.
Prédios sucateados, laboratório ideológico, licenciosidade extrema e produção científica quase inexistente. Já as Universidades Particulares são indústrias de diplomas. Tema que mereceria debate nacional.
Ser empresário de escola particular não é o sonho de todos? Ah, ser banqueiro num país de juros criminosos é outra “profissão” inigualável -, e pensar que muitos “emprestaram” dinheiro do BNDES e “reenprestaram” aos seus clientes em uma operação escandalosa para obtenção de ganhos indevidos.
Pelo menos é que dizem alguns veículos da imprensa. Tem profissão melhor? Sim, embora em escala de dinheiro não assemelhada, mas ganhos mensais altíssimos estão os agentes delegados do Estado que ainda detém a titularidade dos Cartórios de Registro de Imóveis das grandes e médias cidades do país. Verdadeiros feudos familiares que transformaram cidadãos de classe média em seres ungidos pela aristocracia estatal.
Com a estatização (tardia) desses cartórios o fim se aproxima. Em posições menos respeitosa, mas mesmo assim rendosas, têm os ricos donos de motéis, de bancas de jogo do bicho, de cassinos clandestinos, de oficinas que vendem peças de desmanche de veículos, empresas particulares de segurança e outros que nem comportam menção.
E não é só no regime Capitalista que existem pessoas privilegiadas, basta que o indivíduo caia nas boas graças daquele que manda e desmanda no país, para merecer melhor sorte na vida.
Daí porquê é uma utopia imaginar que alguém possa acreditar no socialismo -, delirando que pessoas sejam tratadas pelo Estado com igualdade e respeito, basta ler sobre a fortuna que o Fidel deixou para sua família, e igual a ele, tantos outros déspotas da História do mundo. Daí a grande verdade: quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro! Claro que toda a regra tem gratas exceções...
“Na democracia o Estado não pode ser omisso e complacente com aqueles que ganham fortunas, sem justa causa. Nem o Estado pode contribuir indiretamente, com a falência de suas atribuições constitucionais. O ensino é o melhor exemplo. Cabe ao governante zelar minimamente pela isonomia econômica, para que ninguém tenha privilégios em detrimento do interesse público.”
Edson Vidal Pinto