Grosserias.
Hoje, 22 de março, quarta feira.
Quando o ser humano começa a se importar apenas consigo mesmo a educação, como princípio elementar das relações sociais, deixa de existir. O embrutecimento involuntário decorre da falta de cultura e discernimento para distinguir o valor dos outros. Pela manhã fui à Academia do Coração no Hospital Constantino, endereço que frequento por mais de oito anos por absoluta necessidade médica.
Embora um ambiente acolhedor e com profissionais categorizados, situada no terceiro e último andar do prédio, não nego que sempre vou contrariado por que detesto fazer exercício físico. E quando vou caminhar em uma das esteiras fico posicionado em frente de um dos janelões que tem vista para rua, uma paisagem que faz bem à alma. Pela posição dá para enxergar a rua que passa na frente do hospital e a área de estacionamento de veículos localizada dos dois lados da via pública.
Existem dois espaços que são reservados, um para idosos e outro para deficientes. Nesta última vaga dá para constatar que ninguém dá a mínima importância para a placa de sinalização, pois os motoristas estacionam sem serem deficientes e sem ao menos estarem acompanhando um deles. Lá de cima, com a janela fechada por causa do ar-condicionado, dá vontade de gritar: "Não estacione! O lugar não é seu!".
E quando alguém deixa a vaga em segundos vem outro motorista e estaciona. Que falta de respeito! O mais interessante é que os motoristas idosos também se aproveitam para ocupar a vaga que não lhes cabe. Infringir a lei de trânsito no caso não é mais grave do que o manifesto desprezo pelo portador de deficiência física. Demonstração inequívoca de desamor ao próximo.
E do mesmo lugar em que dou meus passos na esteira vejo uma fila de táxis estacionado na frente do hospital. Normalmente o motorista está sentado no volante e quando chega um passageiro idoso, com dificuldades para andar e entrar no carro, o taxista não esboça um mínimo gesto para abrir a porta do veículo para ajudar e prestar auxílio. Ele permanece imóvel como se estivesse de mal com a raça humana! Pura falta de educação.
E o pior: não raras vezes quando entro no elevador deparo com médicos e médicas, identificados pelos jalecos com distintivos de escoteiros bordados na manga, que quando entram não cumprimentam ninguém ou quando estão no elevador e eu cumprimento não tenho nenhuma resposta. São poucas as exceções. Demonstração típica de soberba e falta de educação.
E assim caminha a humanidade, cada um por si e Deus por todos. Poucos são os que se importam com o próximo, respeitam e reconhecem o valor das pessoas. As dificuldades e os obstáculos da vida parecem que embrutecem os corações das pessoas, tornando-as insensíveis e egoístas. Como será a próxima década? À medida que as sociedades se deterioram nos hábitos e costumes os seres humanos perdem a graça, a sensibilidade e o respeito ao próximo.
O trânsito é o pior exemplo do ódio entre os motoristas: a rua é minha, não ouse atravessar na minha frente, saia da frente barbeiro, eu tenho vontade de te socar e mil impropérios impublicáveis!
As pessoas educadas parecem que estão virando a página do último capítulo do livro da civilização, pois no futuro prevalecerá o império do mais forte, do mais insensível e do mais esperto.
Espera-se que ao menos não tenha vaga reservada para os políticos corruptos! Ou será que estou muito cético?