Impunidade!
Hoje, 09 de março, quinta feira.
Tem um velho ditado popular que é de uma sabedoria ímpar: "quem nunca comeu melado quando come se lambuza"! Dias atrás quando de uma reunião social ouvi alguém dizer que não consegue imaginar como certos políticos agiram tão ostensivamente, sem a mínima cautela, para praticarem tanta corrupção no país.
É verdade. Todos os envolvidos em falcatruas parecem que nem em sonho poderiam imaginar que um dia a polícia batesse à sua porta. Foram prepotentes ao supor que nada os atingiria porque presumiam que estavam acima da lei. Perderam a decência e o senso de discernimento. Quem um dia viveu dentro do Governo e usufruiu o Poder, sabe muito bem que o ocupante de cargo público que lá chegou sem um mínimo de pudor é presa fácil que se deixa conduzir e levar pelas benesses e facilidades com que é aquinhoado em razão do cargo.
O deslumbre pelo automóvel oficial, pelo avião que está a sua disposição, pelos subalternos que lhe paparicam, pela Imprensa que lhe assedia e pelo acesso a todos os gabinetes e demais autoridades soam como o canto da sereia a seduzir os incautos. Viver no ciclo palaciano é vivenciar um mundo diferente, em que tudo são possível e fácil de conseguir.
As teias de interesses escusos se fecham sem nada aparentar, das conversas reservadas e das artimanhas nem sempre bem engendradas o agente público passa a pensar no dinheiro fácil capaz de torná-lo dono de seu próprio império.
E quando a linha tênue que divide o imaginário entre o bem e o mal, o certo do errado e o lícito de ilícito se rompem para permitir que as distinções não mais existam na consciência, a corrupção está materializada. Quem sempre lutou com dificuldades para manter a própria família passa a ostentar outro meio de vida, muito mais farto e aprazível, sem sobressaltos nas despesas e nas contas bancárias. Em pouco tempo um novo carro, um apartamento ou uma casa maior e mais acolhedora.
Depois uma casa de praia ou de campo, mais um ou dois automóveis, uma lancha, empregados e mil aventuras. E o dinheiro pululando de todos os lados como bolhas de água fervendo. Cenário em que nem o agente público e muito menos a sua família podem minimamente esperar que um dia acabe. Os atos criminosos de enriquecimento ilícito são ostensivos e deixam rastros profundos porque não existe mais o temor pela Lei.
O medo da descoberta das bandalheiras parece que ficou no abstrato e se perdeu no mar das indiferenças. Porém quando o telhado da casa desmorona e surgem réstias de cobrança e decência uma tempestade varre as ilusões e deixa em cada envolvido o gosto amargo da ruína.
Daí a efervescência em que se encontra a classe dirigente e política do Brasil, cada um procurando justificar o injustificável e esconder a verdade que é sabida por quase todos, menos pela Receita Federal.
Esta dorme silenciosamente e se presta apenas para assustar os contribuintes assalariados que omitiram de declarar no Imposto de renda alguns “tostões “de dinheiro”“. Espera-se que o estado de corrupção existente no país seja colocado a nu, que os corruptos e corruptores sejam banidos da vida pública, removendo-se da legislação o denominado "foro privilegiado" a fim de igualar os iguais perante a lei.
A impunidade é o maior de todos os males existente na sociedade brasileira porque todo criminoso deve ser punido no mais curto espaço de tempo, para evitar que novas "jararacas” procriem e atentem contra a legalidade e a democracia. O brasileiro precisa acordar e o momento é agora!