Insanidade
As vezes as pessoas tendem a perder o sentido da realidade quando se defrontam com fatos que colidem com suas formações morais, comportamentais e religiosas. Só que estamos vivendo num século em efervescência em que tudo no aspecto sexual é tolerado, as sociedades são heterogêneas e perderam a noção dos usos e costumes, a entidade familiar está desmoronando a olhos vistos e a crença religiosa tem ultrapassado o limite do razoável.
Ninguém mais tolera perder um segundo do tempo e nem mais aceita conviver com opinião contrária. E neste viés de intolerância e licenciosidade está sendo costurado um novo grupamento de humanos, sempre exposto a violência e a insegurança pela incerteza de poder viver com dignidade. Claro que num cenário como este a felicidade alheia e o futuro de quem não se conhece não tem nenhuma importância.
Neste período de pandemia que impôs a reclusão social tem gerado situações criminosas acontecidas no seio familiar. Ontem um avô praticou atos libidinosos com a neta dê quatro anos de idade. A pedofilia tem se manifestado com intensa crueldade e reprovação vitimando crianças e sepultando seus sonhos de inocência. Dias atrás uma menina de dez anos de idade foi estuprada pelo padrasto e ficou grávida. Instaurado o devido inquérito policial e formalizado o procedimento próprio para a realização do aborto legal, acrescido também do fato da menor com a gravidez indesejada ter graves complicações de saúde, o Juiz atendendo as circunstâncias do fato e a previsão legal cabível autorizou o aborto.
Quase uma centena de pessoas enfurecidas tentaram invadir o hospital onde a vítima estava internada para impedir que o médico cumprisse a ordem judicial. Tudo em nome de uma religiosidade obtusa que não se importa com a vida e o futuro de uma menina que levava no seu ventre uma concepção não desejada. Saliente-se que na espécie se tratava de um aborto necessário (pelo risco de vida da menor) e por estar previsto em lei, vez que a gravidez foi resultante de estupro.
Parece que as pessoas estão se tornando escravas de dogmas religiosos e ideologia retrógrada querendo unicamente que suas vontades prevaleçam a qualquer custo. É pena porque a vida é bela e poderia ser desfrutada da melhor maneira possível se as pessoas não fossem tão mesquinhas e inconsequentes ...
“E pensar que existem puritanos num mundo de cabeça para baixo -, que não se importam com a dor alheia e só enxergam o que lhes convém. São hipócritas e obtusos. Claro que todos tem o direito de viver, mas não é uma questão absoluta, quando existe uma situação justificável e prevista em lei.”
Edson Vidal Pinto
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