Jantar de Anjos!
Sábado, 01 de julho de 2017.
Na calada da noite tudo pode acontecer num jantar suspeito, que serve para aguçar a imaginação alheia. Principalmente quando são público e notório que existe no ar a aparência de se estar tecendo uma ardilosa teia que não está no cardápio. Não se trata de nenhum jantar a luz de velas entre um casal de apaixonados, mas de quatro homens reunidos e todos protagonistas de escândalos e comentários nada republicanos.
Na mesa está sentado o Presidente, dois Ministros de Estado e o Gilmar, aquele que faz da Toga a mágica para espargir impunidade. Tudo bem se o cenário do país fosse outro, com a governabilidade intocável, imperando a Lei e ordem, com o povo trabalhando e acreditando num futuro sempre melhor, sem crise política e os Poderes funcionando com independência e harmonia.
Porém o quadro nacional não é este, o Brasil agoniza na podridão e na lama dos seus homens públicos e políticos oportunistas. Pois é neste momento, em que as autoridades têm que aparentar certo recato a fim de evitar interpretações dúbias, zelar pela dignidade de seus cargos e primar em manter respeitosa distância para conotar independência funcional, referidos convivas descaradamente e como se nada importasse resolveram jantar juntos, longe de tudo e de todos.
Mas nada acontece em Brasília sem que o mundo tome conhecimento! O sigilo do encontro ficou há nu! O que será que eles tramaram? Sim, porque em plena crise moral não há como engolir que eles estavam tratando da "Reforma Política” como tentaram justificar, pensando que o povo é ingênuo e obtuso. E coisa boa não foi deglutida nesse ágape de pura sacanagem.
Expressão chula para não escrever palavra censurada. Infelizmente este é o fiel retrato das autoridades de nosso empobrecido país, pois a crise moral e política banalizou o princípio de autoridade e fez nascer uma oligarquia de agentes públicos descompromissada com o futuro e sequiosos apenas em servir-se do Poder. O respeito às leis, a Ordem e ao direito de outrem se tornou letra morta.
A licenciosidade ocupou os espaços e está ditando novos hábitos sem nenhum limite, transbordando as raias do bom senso. E tudo acontece com a imposição desta nova ordem social. O freio inibitório já não mais existe para impor limites à indecência. É por isso que uma reunião de quatro autoridades permite alta dose de suspeição, principalmente quando todas elas não são flor que se cheire...
"As autoridades públicas não se dão mais o respeito e nem primam pela discrição. São verdadeiros pavões que fazem questão de manter as asas abertas para chamar a atenção. Gostam da crise porque ela esconde as suas próprias mediocridades!"
Edson Vidal Pinto