Juizite aguda
A pior coisa que pode acontecer a um ser humano é quando a soberba sobe a cabeça, mexe com a estrutura física e psíquica, para mudar de modo desprezível o comportamento individual no contexto com as demais pessoas. Isto é muito comum no chamado “novo rico” o indivíduo que nasceu na pior mas conseguiu alcançar a riqueza, tornando-se intolerante desrespeitoso às pessoas mais humildes. É o fanfarrão grosseiro e mal educado que ostenta riqueza e não passa de embusteiro quanto ao seu caráter varzeano. Óbvio que não são todas as pessoas. E por quê faço esta introdução nesta crônica? Porque dias atrás uma Juíza da Justica do Trabalho de Xanxerê - Santa Catarina - ficou transtornada numa audiência que presidia porque o jurisdicionado, um senhor de certa idade e muito simples, não se dirigiu a ela com o tratamento de “excelência”. E ela ofendidíssima subiu-lhe as tamancas, com palavras improprias e atitudes agressivas. O homem pediu desculpas mas afirmou que não iria tratá-la de “excelência”, tudo suficiente para a magistrada anular o depoimento que o mesmo fizera como testemunha e determinou que o mesmo deixasse a sala de audiências. Uma triste cena motivada pelo despreparo de uma juiza. O fato me fez lembrar um desabafo feito pelo então saudoso Procurador-geral de Justiça dr. Guilherme de Albuquerque Maranhão, um homem culto, de fino trato, professor de Direito e observador como poucos do comportamento humano, quando certa feita numa conversa entre membros da Instituição, disse:
- Não sei sinceramente como o Ministério Publico e a Magistratura serão daqui vinte ou trinta anos; pois noto que a cada concurso que termina ingressam nas carreiras pessoas pouco vocacionadas e de berços totalmente desconhecidos…
Confesso que naquela época eu não entendia muito bem o alcance das palavras do ilustre homem publico, contudo, hoje, tenho nítida noção do que ele pretendia dizer. E é verdade. Não é passar num concurso público que dá a certeza de que o candidato que saiu aprovado possa ser um profissional digno e respeitoso à comunidade do qual tem o dever de servir. Tanto o Promotor de Justiça quanto o Juiz de Direito devem ter a consciência institucional de que vivem para servir e não para serem servidos. É claro que mudaram os tempos, hábitos e costumes, mas não a maneira e o mode trabalhar e de tratar quem quer que seja com o máximo respeito e urbanidade. E daqui para a frente, se as Corregedorias-gerais da Justiça não tiverem vigilantes e com pulsos firmes, mais e mais vão acontecer episódios como este protagonizado por uma despreparada juiza do trabalho. Tudo porquê os Concursos Públicos pela heterogeneidade de seus candidatos, mais precisamente por serem milhares de inscritos num único certame, oriundos dos lugares mais distantes do país, com certeza abrirão brechas para comportamentos reprováveis no exercício profissional. Foi o tempo que os vocacionados que escolhiam as carreiras quando faziam concurso eram conhecidos e fáceis de pesquisar seus antecedentes, pois dava para contar nos dedos o número de faculdades de direito que existiam e as cidades tinham poucos habitantes e todos ao menos se conheciam de vista. Hoje, na modernidade, ninguém mais sabe quem é quem, de onde veio, onde morava é porque vieram de tão longe. Sem contar a formação humanística e a educação de cada um, pois impera a lei do mais oportunista, egotista e mau educado. E os que pensam de maneira diferente e primam pela boa educação quase sempre são deixados de lado na competitividade de poder alcançar um lugar ao sol. Um bom exemplo ? O tal do Dino, um falastrão que está ungido para viver numa gaiola de ouro, com as patinhas encima de um poleiro acolchoado…
“Para ser respeitado basta respeitar os outros; levantar a voz e dar um murro na mesa é atitude própria dos prevalecidos e canalhas.
E saber valorizar o próximo é a melhor maneira de nunca mais ser esquecido.”