Lembra das gincanas?
Pois é, os tempos são bem diferentes porque os costumes são outros, os valores morais e pessoais foram deixados de lado, inclusive, as brincadeiras inocentes mudaram de endereço. Claro que dentre estas não incluo àquelas das crianças (que também mudaram) mas dos adolescentes e adultos como as chamadas gincanas, que monopolizavam os finais de semana em Curitiba. As disputas eram protagonizadas por grupos de pessoas que formavam equipes que tinham a incumbência de cumprir tarefas organizadas previamente por dirigentes que não participavam do jogo, mas se prestavam como juízes para aferir se as provas foram cumpridas. A disputa era entre equipes feita sem número exato de participantes que eram identificadas pelas camisetas que usavam com estampas e nomes psicodélicos, onde a cidade e seus ilustres habitantes muitas vezes eram as “iscas” para serem pescados. O tradicional Clube Curitibano organizava a melhor gincana de Curitiba com tarefas inusitadas que exigiam muito dos competidores, inclusive logística para deslocamento rápido de um lado para outro, pois o objetivo era cumprir as provas no menor espaço de tempo, com ofertas de ótimos prêmios às equipes vencedoras. E as provas? Conseguir uma mensagem com a data do dia, assinada pelo Governador do Estado; uma foto de toda a equipe ao lado do Poty; trazer a atriz Odelair Rodrigues até a sede do clube; pegar um autógrafo do Ary Fontoura e dezenas de outras tarefas, quase sempre com duração de um sábado e domingo. No final uma multidão se reunia para aplaudir as equipes que se confraternizavam numa grande festa. E tudo isto ficou lá trás, quem teve oportunidade de participar nunca esqueceu.
-Imagine hoje em dia !!! - só podia ser o meu amigo Tucides, que sempre está atento quando estou dedilhando meu celular, pois ele chega de mansinho e eu não percebo ele lendo sobre meus ombros.
-Oi, amigo Tucides. O quê seria diferente se houvesse uma gincana hoje em dia?
-As tarefas, meu amigo, as tarefas…
-Como assim? - perguntei curioso.
-Ora, as tarefas dariam o que falar…
-?
-Vou dar só alguns exemplos: uma fotografia do Luiz Ignácio no seu quarto de luxo quando esteve preso na Superintendência da Polícia Federal; um chinelo de “puf” usado pela Maria Louca no auge de sua aposentadoria; uma cópia da ficha pregressa do deputado estadual que invadiu ato religioso na Igreja da Ordem;
uma foto do MST invadindo área sem plantio, sem gado e sem benfeitorias; um bilhete do primeiro e do trigésimo segundo namorado da Gleisi; um anel de rubi do Pirata Zulmiro; um exemplar do Diário Secreto da Assembléia Legislativa do Paraná; o lenço de pescoço da “nha” Gabriela; a guitarra do Paulo Hilário; xerox da delação premiada do Presidente da Assembléia; o…
-Putz, pare por aí, pare Tucides! - gritei.- Você não quer uma gincana, você quer muita encrenca !! - disse com certa censura.
-Viu? Viu porquê hoje em dia não tem mais gincana? Entendeu, bem?
-?
-Ora, ora, meu amigo, porque os tempos são outros, bem diferente…
Eu tive que concordar com o Tucides, é verdade os tempos são outros. Cheguei a conclusão que é melhor não ter gincana mesmo, Curitiba mudou muito. Mas, vamos e venhamos a ideia não é de todo ruim; já imaginou uma gincana em Brasília? Lá tem o Luiz Ignácio, a Janja, o Haddad, o Mercadante, o Pacheco, a turma do STF, do TSE e o glorioso Senado Federal. Meu Deus, quantas tarefas maravilhosas poderiam ser “boladas” para que as equipes fizessem a melhor gincana da corrupção mundial? Seria um verdadeiro caso de polícia, ou melhor dizendo, um desbunde…
“Na gincana de Brasília só não será permitida
uma única prova: achar e levar o meio dedinho do Luiz Ignácio até a Comissão Julgadora. Quanto ao mais: criatividade total! Todo brasileiro de bem poderá
elaborar quantas provas quiser. Então? Mãos à obra!”