Lembranças do Rádio.
Não sei por que, mas eu gosto de ouvir radio, não tanto quanto antigamente, pois hoje só dá mesmo para escutar a Bandnews e nada mais. Se deslizar o dial sobre as varias estações de duas uma: ou tem música caipira ou tem pastor querendo tirar almas do purgatório.
A CBN depois que despediu o Mazza não tem mais graça , perdeu seu principal âncora e está sem graça. É pela rádio que dá para avaliar a falta de cultura de um povo por aceitar passivamente ouvir músicas de baixo nível e pregações sem fim, com promessa de uma vida mais rica se o crente pagar o dízimo para os nababos e repetitivos pastores.
A religião passou a ser barganha: o dízimo em troca do paraíso. O governo cedeu as concessões das emissoras de rádios para políticos, religiosos e cabos eleitorais. E assim acabaram os programas de auditório que a Rádio Clube Paranaense (B.2) fazia - “O Expresso das Quintas” - com Mário Vendramel, as novelas como “O Direito de Nascer” com Odelair Rodrigues, Sinval Martins e tantas outras que enriqueceram o cenário radiofônico do Paraná.
Será que ninguém se lembra do noticiário da meia-noite da rádio Guairacá, apresentado na voz inconfundível de Ivan Curi? E os programas matinais da Rádio Independência como o divertido “Cacharolete o Clube do Rock”, apresentado por William Sade; e a “Revista Matinal” da B2, de Arthur de Souza.
E na Rádio Colombo do Erwin Bonkoski ele mesmo apresentava sua tradicional “Hora da Ave Maria”. E não dá para esquecer a voz inconfundível de Reinoldo Cunha na Rádio Marumbi, bem como o programa do deputado Jorge Nassar nessa mesma emissora.
E no esporte quantos nomes famosos de locutores, comentaristas e repórteres como Willi Gonzer, Dirceu Greser, Capitão Hidalgo, Wilson Brustolim e uma plêiade de nomes que engrandeceram o radio esportivo da Terra dos Pinheirais. E não tinha seleção musical melhor do que aquelas da “Rádio Ouro Verde” e da “Rádio Iguaçu “. Para os amantes da música erudita bastava sintonizar a Rádio Colégio Estadual do Paraná e ouvir o saudoso Luiz Ernesto destrinchar com correção absoluta os nomes das musicas de Mozart, Debussy e Brahms. Sem esquecer do Cavalcanti com sua “Discoteca do Cavalcanti”.
E também tinha a Rádio Cultura com sua tradicional “Joias Musicais” e tantas outras rádios curitibanas que a minha memória não alcança. E mesmo com a força da TV a radio ainda continua no interior do Brasil a ser ouvida apesar das programações primárias e locutores sem muito brilho. Por que? Porque o radio é um aparelho portátil fácil de transportar e a noite pega ondas das mais distantes estações para o deleite dos ouvintes.
A sua história é rica pelas vozes de seus apresentadores que através dos microfones estreitaram as distâncias deste país continente. Tal como hoje faz a internet numa rapidez impressionante. O mundo está na sala de estar de nossas residências e tudo o que acontece em qualquer lugar e hora a notícia se faz presente. Mesmo assim a radio sobrevive graças aos homens e mulheres que fazem do microfone seus apostolados de vida...
“Sinto que não consegui retratar com fidelidade a força da Rádio e nem declinei com precisão os nomes de locutores e programas que fizeram a história da radiofonia curitibana. Provoco os leitores para que tragam à colação os trechos incompletos desta crônica”.
Edson Luiz Vidal Pinto