Mama Mia!
Sou curitibano, mas confesso que nunca gostei do frio, embora hoje em dia o tempo tenha mudado muito a ponto do inverno até ser uma temporada de certo modo agradável. Tem até dias de muito calor que propiciam esporádicas descidas para o litoral. Lembro de minha infância quando estudada na escola primária anexa ao Instituto de Educação do Paraná, na rua Emiliano Pernetta, que em meados do mês de março já geava, a garoa intermitente e o frio eram constante. Época de mil agasalhos para evitar resfriado e aquela terrível dorzinha de garganta.
Mas com o passar dos anos como tudo mudou o tempo não foi exceção -, tem feito frio de manhã e à noite, mas a tarde a temperatura é bem mais amena. Porém como hoje em dia vivemos de sobressaltos, ora em razão da nefasta pandemia do Coronavírus, ora por pronunciamentos e decisões descabidas dos membros do STF, as vezes pelos imbróglios políticos e econômicos que a turma do Centrão impõe à Nação brasileira, que tudo isto nos tira o sono e a tranquilidade. E parece agora que até o tempo quer nos aprontar mais do que vem aprontando com ventos fortíssimos que tem causado prejuízos no vizinho estado de Santa Catarina e aqui nos castigando com uma tenebrosa seca.
Não há de ver que estão chegando notícias alarmantes propagadas por Serviços de Meteorologia dando conta que uma gigantesca massa polar está se deslocando para a região sul do país, prometendo rigoroso frio para o final desta semana, inclusive, com possibilidade de muita neve nas regiões serranas. Putz, com o Covid-19 nos rondando e agora com a possibilidade de frio intenso, o toque de recolher será muito mais respeitado. Se já saio pouco de casa agora então vou hibernar de vez. Eu estava escrevendo esta crônica quando o telefone fixo tocou:
- Alô.
- Amigo, você sabe da última?
Era o Florisval vendedor de roupas importadas de Miami:
- Qual? - perguntei curioso.
- Está chegando um frio “daqueles” ...
- Sei, estou escrevendo sobre isto. Será verdade?
- Pode crer e eu tenho uns agasalhos supimpas que estão com um bom preço.
- Obrigado, não quero pois quando preciso sempre compro na “Casa Coelho”...
- Tudo bem, mas também tenho bota para neve e esqui.
- Pô, você está louco Florisval? Esqui para usar quando?
- Olhe, vai nevar muito em Curitiba e você pode esquiar lá pelo alto da rua XV, ou no Cabral pela rua Paraná indo em direção a Igreja de Santa Cândida e voltar.
- E se eu comprar e não nevar?
- Ora, você pode guardar e na primeira viagem usar em Aspen ...
- Aspen?!! Você está doido Florisval, sabe quanto está custando um único dólar?
- Tá, tá eu sei ... por acaso estou falando com o deputado federal Edson Luiz Neves?
- Claro que não, você deve ter ligado para o cliente errado...
- Oh, me desculpe doutor, agora eu sei com quem estou falando : por acaso o senhor não quer comprar meias de lã para usar quando a neve chegar?
- E se não cair neve nenhuma? O que eu faço com o par de meias?
- Luva, doutor, luva...
- obrigado, mas. Não quero.
- Obrigado, digo eu.
E desligamos nossos telefones. E fiquei pensando: arre comprar esqui para usar aonde? Foi neste momento que tive uma ideia genial. Que tal descer a Serra do Mar de Curitiba para Morretes usando esqui pela Estrada da Graciosa? Já imaginou descer toda aquela estrada de paralelepípedo lisa e curvas insinuantes? Seria uma aventura e tanto e daria notícia para todo o mundo. Comprar o esqui eu compro, só será difícil convencer o Gilmar que o seu uso não apertará os seus pés...
“Frio, chuva e neve no final de semana? Ver para crer. Mas como tudo está acontecendo não custa nada acreditar duvidando, não é mesmo? Alguém por acaso sabe o número do telefone do Florisval? E da casa do Gilmar?
Edson Vidal Pinto
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