Marujo sem bússola
E deu a louca no mundo. É verdade, pois o coronavírus colocou todas as opiniões científicas e políticas no mesmo liquidificador e o resultado está sendo um desencontro de ideias. Nunca os seres humanos ficaram com tantas dúvidas, apreensões e medo. E até os médicos tem depoimentos díspares acerca do efetivo combate ao vírus; uns pregam quarentena absoluta, ou seja, ninguém pode sair de casa, nem olhar para fora da janela e muito menos rezar para o Gilmar. Outros ditam opiniões mais moderadas dizendo que o resguardo deve recair apenas para os maiores de sessenta anos que estejam com a saúde debilitada, nada mais. Em suma: não existe unanimidade na prevenção do vírus.
De outro viés a classe política está dividida; uns querem manter o país de pé e outros desgraçar de vez o governo para ganhar a eleição. Na verdade entre posições tão antagônicas, quer entre a classe dos esculápios, quer entre a conceituada categoria política, ninguém sabe para que lado aderir. Coloco máscara no rosto ou tiro a máscara; trabalho e durmo ou não trabalho e tenho pesadelos; vou até o supermercado ou espero o governador Dória mandar trazer a comida na minha casa; pago minha dívida do cartão de crédito ou a administradora terá um gesto de humanidade e perdoará meu débito; vou ao consultório para poder sobreviver, uma vez que não sou infectologista, ou fico em casa esperando que o Papai Noel me traga no final do mês um saco de dinheiro; afinal eu sou eu mesmo ou sou uma alma penada esperando contrair o vírus?
Pombas, já temos tantos problemas diários matando vários leões por dia e agora, desgraçadamente, gente que nem conhecemos e outros que nem confiamos, querem conduzir a nau de nossa vida. Não sabemos quando será o pico do vírus, nem se este virá pela horizontal ou pela vertical, pois estamos tolhidos pelas nossas próprias sombras. E ninguém mais fala na Marielle (ah, que saudades!), nos assassinatos do Rio de Janeiro (acabaram?), no Lula ( será que está morando na Santa Sé ?), na histérica da Amante (fugiu com a Maria Louca?) e nem no Ciro (ufa, ainda bem!).
Em compensação nunca tantos médicos falaram na TV e nem deram suas opiniões nas mídias sociais como no presente momento, cada um procurando confundir mais do que outro.
Com perdão da crítica. E dentre os políticos nunca ninguém na história do Brasil usou mais dos microfones e da TV do que o Dória, o governador que embrulhou o Estado de Paulo como se fosse um pacote a ponto de ter até acabado com a poluição do Rio Tietê, impedindo qualquer tipo de produção e trabalho. Salvo dos médicos, agentes sanitários, policiais e agentes funerários. Tudo como se fosse o Senhor dos Destinos e Supremo Protetor dos animais racionais. Felizmente é sabido por todos os brasileiros que ele não tem nenhuma intenção eleitoreira.
Ufa, que homem altruísta, meu Deus! Eis o imbróglio de nossa encruzilhada. Lembrei de uma quadrinha popular que diz: “Não sei se vou ou se fico; não sei se fico ou se vou. Se vou eu sei que não fico; se ficou eu sei que não vou”. Sabe como estou me sentindo ? Não sei você, mas parece que sou um marujo dentro de um barco, com o timão nas mãos e sem bússola para saber aonde ir ...
“A TV Globo por ser contra o governo é a única emissora que merece credibilidade: pois todas as notícias veiculadas colidem com as declarações do Presidente. E se este mudar de opinião, o Bonner e seus coadjuvantes vão jurar, de pés juntos, que a opinião anterior do Bolsonaro é que estava certa. E o povo? Ora, o povo que se lixe!”
Edson Vidal Pinto
- Tags: Edson Vidal Pinto