Medir as palavras
Nunca é demais lembrar o ditado popular "falar é prata, calar é ouro"! A verborragia é um desastre para qualquer autoridade pública. Falar demais fragiliza e dá a impressão de soberba. A expressão "falar pelos cotovelos" sem medir as consequências é de uma estultice sem tamanho. Que o diga o assustado Lula e sua gananciosa corriola! Infelizmente, os exemplos perniciosos não ficam apenas restrito àqueles que nada sabem ou acham que sabem; alguns iluminados do nosso Supremo Tribunal Federal são useiros e vezeiros para figurar no rol desta relação de inconsequentes.
Recentemente, o ministro Gilmar Mendes saiu com mais uma de suas pérolas ao acusar juízes federais e procuradores do Ministério Público Federal de se aproveitarem da Lei da Ficha Limpa para chantagear parlamentares! De pronto a AJUFE (Associação dos Juízes Federais do Brasil) reagiu emitindo nota de que acusações generalizadas somente comprometem o prestígio das Instituições.
É lamentável que naquele Colegiado alguns de seus integrantes demonstrem não conhecer minimamente a liturgia da Corte, da ponderação e cuidado no uso da palavra no momento de proferir suas decisões , e principalmente o senso de pudor ético quando se veste a toga para não abalar com evasivas o princípio de autoridade do Estado e de respeito ao Poder Judiciário como um todo.
Frase pronunciada em Plenário de Julgamento sempre deve ser sopesada para não transbordar os limites da própria causa. Pior é quando as palavras são ditas fora do tribunal, em programas de televisão ou entrevistas à imprensa, pois repercutem para o público como se os ministros fossem censores e críticos sem freio. Alguns destes pronunciamentos, não raras vezes, dão nítidos contornos de prejulgamento, quando a análise recai sobre fatos que estão sujeitos à jurisdição. Nenhuma autoridade deste país pode imaginar que esteja acima da Lei, muito menos de se arrogar do direito de acusar sem explicitar provas e sem adotar as medidas legais cabíveis que o dever exige.
Falar e se esconder atrás de palavras impensadas não encontra justificativa. Juízes e promotores têm dado exemplo aos brasileiros e ao mundo de que estão cumprindo a Lei, com risco de suas próprias vidas, com muita dignidade e honradez. Descabe-lhes vestir uma carapuça recheada de puro sofisma, de irreflexão e de descaso gratuito. O ministro em referência deveria ter perfilado nas trincheiras das carreiras da Magistratura e do Ministério Público para dar valor ao cargo ao qual foi ungido. Com certeza deixaria de lado frases ocas que apenas se prestam para alimentar àqueles que empunham a bandeira do “quanto pior, melhor"! Estamos numa quadra histórica de transição política e econômica no Brasil, que dispensa bravatas! Espera-se, sinceramente, que todos os homens de bem e de bons propósitos que detêm autoridade em nosso país, trabalhem mais e falem menos. Tudo em nome da discrição e do senso de respeitabilidade de nossas Instituições. Pois quem diz o que não deve, houve o que não quer!