Muita Conversa Mole.
Sei que domingo é dia de descansar, curtir a família, passear e também ficar na redoma da ociosidade. Para quem gostar de futebol é um prato cheio.
E que tal entrar em uma sala de cinema para assistir um filme que começa as catorze e termina às dezoito horas? Ou um show no palco do Teatro Guaíra, com o mesmo tempo de duração? Pois é, por melhor que seja o entretenimento ficar sentado em uma poltrona por quatro horas seguidas, só ouvindo e sem poder falar, não há cristão que aguente, não é mesmo? Alguém já ouviu um conferencista, um professor ou um político no comício eleitoral falar sem parar por quatro horas seguidas? É claro que quem assim procede enche a paciência alheia, pois não tem desconfiômetro e nem sabe expor o seu ponto de vista.
Pois quem sabe o que diz convence quem ouve em alguns minutos; e quando o assunto é complexo não ultrapassa do limite suportável de uma hora de explanação. Na minha vida profissional, quando Promotor de Justiça atuando no plenário do Tribunal do Júri, ou como Magistrado julgando processos no âmbito do Colegiado, sempre procurei falar o necessário e dentro de um tempo suportável para quem estivesse me ouvindo.
E ainda hoje, quando falo de improviso, não excedo do limite suportável de dez minutos. Lembro que só o Fidel Castro se aproveitava de sua tirania para falar cinco ou mais horas seguida para tentar justificar o injustificável: o porquê do cubano não ter qualidade de vida. Nem o Brizola se atrevia a falar por tanto tempo, apesar de verborrágico.
O Lula não conta porque ele não sabe de nada e por isso o que ele fala não merece credibilidade. Fico imaginando quem fala quatro horas sem parar e os seus colegas que por igual prazo, tem a obrigação de ouvir sem sair do recinto.
Cá entre nós apenas: essa turma será que usa fralda geriátrica? Não têm hemorroida ou gases por permanecerem inertes e sentados em uma mesma posição? Claro que estou falando dos impagáveis membros do Supremo Tribunal, um grupo de choque dos Cavaleiros do Apocalipse. Figuras telúricas que não sabem ouvir os reclamos de seus jurisdicionados.
Pois todos só falam abobrinhas, cada qual querendo ensinar e vencer pelo cansaço. Na sessão da última quinta-feira (porque sexta-feira é dia de viajar para dar aula, palestra ou receber homenagens no país ou exterior, e só voltar ao “batente” na próxima terça-feira)-, o impoluto Alexandre de Moraes proferiu oralmente seu voto por quatro longas horas, o segundo a se manifestar no julgamento simplório em permitir ou não que o MP compartilhe das informações sigilosas do Fisco. Haja paciência!
E seguindo essa mesma toada de tempo, como faltam votar nove ministros sobre o mesmo tema, será necessário ainda trinta e seis horas para o verídico final. Uma calamidade e puro desperdício de tempo.
Pois se o Toffoli votou de um jeito e o Alexandre de outro, bastaria aos demais julgadores dizer se acompanham um ou o outro voto. Nada mais. Quando muito acrescentar pontualmente fundamento não aventado nos referidos e intermináveis votos. É simples e prático. Acho que a TV Justiça é que faz com que cada julgador aproveite o máximo de tempo para ficar com seu rosto na tela do televisor. Só pode ser. Não existe outra razão plausível. Enfim, este é o nosso glorioso STF, onde sabidamente o tempo não é o Senhor da razão...
“Julgar em um Colegiado de Tribunal exige que o Juiz ao proferir seu voto seja rápido, objetivo e claro. E por mais complexo que possa parecer o tema do julgamento, ele deve sempre primar por usar de um tempo razoável e sem cansar. Não é nenhum ensinamento forense e nem acadêmico, mas, sim, de educação e absoluto bom senso!”
Edson Vidal Pinto