Não Chore Miséria, Não Adianta!
Não sei por que tem tanta gente que tem tudo e vive chorando miséria -, parecem pessoas que vivem carregando o mundo nas costas, pois estão sempre insatisfeitos e preocupados com a vida que levam. Com certeza todos conhecem alguém parecido porque orbitam em nosso meio.
Tenho um amigo, o Genivaldo, nascido de uma família riquíssima, casado também com moça rica, tem um casal de filhos com saúde perfeita, mora em uma casa confortável e que é alto executivo de uma empresa multinacional. Não sabe o que é passar necessidades. Tem carros importados na garagem, mas quando viaja usa sempre um Volkswagen, sedan, 1.969, da dor azul calcinha.
E quando alguém pergunta o motivo de dirigir um carro tão brega e desconfortável para viajar, ele responde:
- Para economizar, a vida está difícil!
É o tipo do indivíduo que tem asas, mas não sabe voar. Ele também se veste mal, com um terno rotineiro, sapatos de sola grossa, gravata e camisa meio amassada. Ele alega que é para não chamar a atenção.
É verdade que de quando em quando ele viaja para o exterior com a família e compra muitas bugigangas para presentear parentes e amigos quando é convidado para as festas de aniversário. Estes já sabem que vão ganhar presentes comprados a preço de banana e que não servem para nada.
O Genivaldo é chato até conversando. Só arrota dificuldades e diz que é um homem remediado. Encarna a avareza e a pobreza; e o pior, sem se dar conta. É da sua índole, pois é assim para a sua família, amigos e colegas de trabalho. Segue a cartilha do saudoso Antônio Ermírio de Morais, que foi um genro excêntrico de um magnata italiano.
E o Genivaldo tem medo de viajar de avião e de navio, pois tem medo de morrer no ar e no mar. É incapaz de dar gorjeta para o rapaz que cuidou do seu carro estacionado na rua, nem ao garçom que lhe serviu a refeição e muito menos para um pedinte que perambula sem rumo. É de se perguntar: por que viver assim? Também conheço outro amigo que é o oposto, o Miguel: nasceu de uma família da classe media, casou uma mulher do mesmo nível social, têm três filhos, todos em escolas particulares, o casal tem carros nacionais financiados e moram num apartamento razoável, mas também financiado.
Só o Miguel trabalha, ele é dentista e professor em uma faculdade de odontologia. Viaja quando pode com a família, inclusive para o exterior. Vive se equilibrando no cheque especial e cartões de créditos de varias bandeiras; é um artista da economia doméstica.
Não reclama de nada e está sempre de bem com a vida. Não lhe faltam amigos porque é uma pessoa alegre e solidária em qualquer ocasião. E quando o dinheiro some do bolso procura dar a volta por cima aumentando o ritmo de trabalho. Mesmo nas horas de aperto não recusa dar dinheiro para quem está na pior. Não chora miséria.
Pois é;- assim é o gênero humano. Uns tem tudo e insistem em aparentar que não tem nada; outros têm pouco e usufruem de tudo. Quem é mais feliz? Cada um responda de acordo com o seu próprio senso de julgamento.
Contudo uma coisa é certa: não adianta chorar miséria para ninguém, nem sentir ou se comportar como o ser mais desgostoso desta vida. Isto não muda a situação de ninguém. Vale sempre se lembrar de um antigo ditado que diz: o pouco com Deus são muitos; e o muito sem Deus é nada.
Lamuriar pelos cantos, reclamar da vida não é a melhor fórmula de encontrar a felicidade. Esta também está em olhar um pouco para o alto...
“Às vezes dá vontade de refletir sobre o gênero humano. Cada indivíduo tem no gene a sua própria maneira de viver e pensar na vida. Para alguns viver é sinônimo de peso, ônus, escravidão; para outros é um privilégio divino que tem às vezes obstáculos para transpor. Cada um vive como quer, só não vale mesmo é chorar miséria para ninguém, porquê não adianta!”
Edson Vidal Pinto