Não é meu MP
No mundo da Justiça ingressei após concurso público pela porta do Ministério Público onde permaneci por 30 anos, três mês e três dias, e só deixei de pertencer aos seus quadros quando um grupo de desembargadores capitaneados pelo seu presidente des. Henrique Chesneau Lens César, me convidaram para disputar uma vaga do Tribunal de Alçada do Paraná pelo 1/5 Constitucional. Tomei posse neste seleto e operoso Tribunal em 11 de janeiro de 1.999 e permaneci como Togado até o dia 25 de abril de 2.015 quando então completei 70 anos de idade e me aposentei. Nunca, em nenhum momento de minha vida no Poder Judiciário, quer como Juiz ou desembargador neguei minha origem profissional no MP, mas honrei sempre a Toga que vesti. Sou magistrado de corpo e alma, mas tenho profundo apreço e guardo com carinho as amizades de meus ex-colegas do Parquet. E não poderia ser diferente porque tenho por aquela nobre Instituição e pelos seus integrantes um preito de eterna gratidão. Só não fui Procurador-geral do Ministério Público porque fui traído por alguns colegas ideologicamente manietados com bandeira política partidária que desde então, tomaram as rédeas da Instituição e só neste ano perderam a eleição, caindo dos galhos do “dolce far niente”. Vejo tantas coisas erradas que não me omito e critico rasgando a minha própria carne o “meu” velho MP na esperança que a nova geração reaja contra a ideologia castradora e o modelo imposto de puro socialismo no trato das questões que não lhe dizem respeito. Não aceito que o MP tenha se afastado da defesa do direito público para abraçar a proteção do direito social. Esta é uma visão vesga de política partidária que nada tem a ver com o MP pois sua meta é combater o crime, os criminosos, zelar pelo prestígio do Poder Judiciário, proteger o interesse público e fiscalizar a aplicação das lei. O social é tarefa da Defensoria Pública. Nao consigo entender o quê um Procurador de Justiça faz nos assentamentos (criminosos) do MST; assim como nunca digeri um Dino, então Ministro da Justiça, participar de uma reunião secreta com traficantes do Morro do Boréu. Fui do MP numa época dirigida por homens de decoro, éticos e sem vínculo político partidário, que faziam os Promotores e Procuradores de Justiça trabalharem nos processos cíveis e criminais, com zelo e dedicação . E hoje? Ah, escutei na rádio BandNews que o Chefe do MP de São Paulo ingressou com ação civil pública contra o governador daquele estado, porque houve compra de Bíblias para serem colocadas em prateleiras de bibliotecas públicas estaduais, sob o fundamento de que referidas aquisições não poderiam ser feitas porque o estado é laico. Putz, quanta estultice. O estado é laico mas não é ateu, seu dirigente não pode impor a ninguém um religião oficial mas nada impede que quem queira ler a Bíblia tenha a mesma em mãos.E as bibliotecas se prestam para isto. É uma loucura o que está acontecendo, enquanto o Francisco enfraquece a fé na sua Igreja, os homens públicos impedem que símbolos religiosos sejam expostos em prédios públicos. Preferem uma parede vazia do que uma cruz pendurada, como se ela fizesse mal para quem não lhe dá a mínima importância. Não, este não é e nunca foi o MP do meu tempo, naquele que eu conheci e vivenciei a Cruz ornava os auditório “Prof. Ary Florêncio Guimarães” e nem por isto nos tornamos
mais ou menos religiosos…
“A Bíblia e a Cruz são símbolos do cristianismo, mas suas presenças em prédios públicos não induz razão para se acreditar que o Estado não seja laico. Nao, enquanto o governante não obrigar o povo a ter esta ou aquela religião. A intolerância parece mais apropriada quando se obriga a se desfazer destes símbolos.”