Não Vale a Pena
É oportuno lembrar na atual quadra de efervescência que atravessa o país que não vale a pena brigar por futebol, religião e política. Pois cada brasileiro tem o seu e ponto final. Teimar em querer afrontar a opinião alheia é procurar sarna para se coçar, lembrando que nem todos tem sangue de barata ou paciência de Jó. Quem afronta e insiste querer que apenas sua vontade prevaleça é um verdadeiro chato de galocha. No dito popular é aquele que quando chega numa roda de pessoas conversando animadamente em segundos desfaz a mesma e fica sozinho com cara de bundão.
Afinal é chato aguentar um chato. Nas conversas pela via eletrônica de quando em quando aparece alguma figurinha carimbada querendo chatear o próximo com lenga-lenga; exemplo mais atual é quando faz abordes para desconsiderar o prestígio do Presidente da República e afirmar que sua reeleição significa caminhar em busca de uma ditadura. Tudo bem que faz parte da democracia conviver com os que pensam de maneira contrária, mas usar de argumentos sem o mínimo bom senso e bater sempre na mesma tecla, não leva a lugar nenhum.
A propósito lembrei de um episódio do qual foi protagonista meu avô materno - Antônio Rodrigues Stinglin - quando ele foi Delegado de Polícia do antigo distrito do bairro do Portão nesta Capital, no tempo em que a autoridade policial era respeitada e temida em razão de sua função. Ele residia na rua Santa Catarina há duas quadras da Av. República Argentina e quando precisava ir ao centro utilizava do bonde, cujo ponto para embarque ficava na referida avenida bem em frente da mercearia do Sr. Ceschin. E em algumas vezes no trajeto que fazia no madorrento veículo elétrico encontrava um conhecido, o homem era pastor protestante e aproveitava da ocasião para convidá-lo à participar de um culto e conhecer sua religião.
Vovô agradecia o convite e dizia que era católico e não pretendia mudar sua crença. Mas o mesmo convite era repetido quando vovô embarcava no bonde e encontrava o dito cujo pastor. Um dia já aborrecido com a insistência daquele chato que não lhe largava do pé, meu avô que deveria estar com as ventas explodindo de raiva, perdeu as estribeiras e gritou :
- Pastor chega de querer me converter e convidar para conhecer seu templo; na minha religião ninguém precisa incomodar os outros para comparecer no missa! O Padre toca o sino da igreja, quem quer vai na missa e quem não quer não vai !!
Desde então o pastor nunca mais insistiu e tremia de medo quando meu avô embarcava no bonde. Acho que aprendeu a lição da pior maneira possível. Este fato deve ter ocorrido lá pelos anos 30 do século passado e pensar que os chatos ainda continuam vencendo a barreira do tempo e permanecem hoje em dia firmes, morrinhas e cada vez mais chato. E quando não é na religião ou a política tem ainda o futebol. Tem o torcedor que chora, fica com insônia, tira a paciência dos amigos e parentes quando seu time ganha e foge do mundo quando ele é derrotado.
O time vai de mal a pior mas quando ganha uma única partida logo alardeia que ele vai ser campeão do mundo. As vezes o sujeito é um gozador de carteirinha mas outras vezes é puro purgante. Mas pior mesmo é o chato metido a intelectual porque ele chateia usando ou escrevendo o melhor português nos seus escritos e quando comete um pequeno erro faz questão de retificar e se desculpar.
Enfim cada um tem o chato que merece; salvo que perca a paciência de lorde inglês e mande o sujeito para aquele malcriado lugar …
“Sujeito chato é o intolerante, o mosca de cavalo, o insistente e o dono da verdade. Claro que também tem outros tipos, porque, afinal cada vez que morre um nascem dez novos chatos. E pelo andar da carruagem com certeza daqui algumas décadas eles dominarão o planeta. Cruz credo é preciso descobrir uma vacina contra essa gente!”
Édson Vidal Pinto