Ninguém Explica a Fórmula
É como dizem por aí: “em questões de finanças ninguém decifra a burla do brasileiro.” E é uma verdade absoluta. Pois quanto maior a inflação e a dívida pessoal o brasileiro mais ostenta riqueza, não importa como, pois ele compra os melhores carros, frequenta os melhores clubes, viaja de avião, mora muito bem, tem casa ou apartamento na melhor praia, os filhos estão matriculados nos melhores colégios, tem esposa e as vezes também sustenta a outra, mas dinheiro mesmo para pagar todas estas despesas sempre é insuficiente. Ele é o mágico das finanças: tira do chapéu, dos bolsos e das mangas da camisa o dinheiro na hora certa, num vai e vem de movimentos, ora destina para um e ora para outro credor. Diz a lenda que rico falido é o que mais tem tem de aparentar opulência, porque banco não empresta dinheiro para pobre. Assim, para entender como a classe média e média alta vive em nosso país, é um mistério indecifrável, que nem Freud explica. Fiz este preâmbulo para trazer à lume a contratação de um jogador estrangeiro de futebol que gerou impacto, pois o clube contratante, segundo consta, é o mais endividado do país. Mesmo para quem não gosta de futebol sabe que o salário dessa turma de boleiros é um dos mais cobiçados do planeta, valores multimilionários, para protagonizarem noventa minutos nem sempre do gosto dos torcedores e do grande público. Basta lembrar os últimos jogos da Seleção Brasileira. Mas voltando aos salários: o jogador em questão vai receber por mês um pouco mais de três milhões e quinhentos mil reais. É verdade? Segundo os jornalistas esportivos é; daí a pergunta mais cabeluda: vai dar para o clube pagar? Eis o núcleo central do problema, vai, vai, mas como é que vai é o xis da equação. Nenhum clube de futebol no Brasil vive de bilheterias e muito menos de mensalidade dos sócios, diferente, para exemplificar, do Real Madri e Barcelona que têm quadros associativos que superam a casa de quinhentos mil aficcionados. Então o clube contratante - Sport Club Corinthians Paulista - vai fazer quê mágica para pagar o jogador contratado? Não sei e nem quero saber. Com certeza a solução estará nos bastidores do clube ou nos porões da economia paralela cujo segredo, do que acontece, é guardado a sete chaves, bem longe da tal Receita Federal. Pois pagar salário irreal para um empregado deve ser uma fórmula tão intrincada que só é encontrada em uma página do Livro do mago Merlim, escrito na época do Rei Arthur. E o livro? Só os espertinhos e espertalhões sabem onde ele está, quem é honesto pode procurar mas nunca achará. E o mais pitoresco desta contratação faraônica é que o nominado clube deve somas milionárias. Mas como no país dos horrores, da piada pronta e de um ladrão como chefete da Nação, tudo pode, porque quem deveria fiscalizar fecha os olhos e se houver uma mínima brecha é até capaz de tirar ótimo proveito…
“Que empresa cumpridora de obrigações tributárias, quase falida, contrata um único empregado com salário estratosférico? Talvez nos Emirados Árabes, onde o petróleo resolve tudo; mas com certeza no Brasil, onde o dinheiro cresce nas plantações de mamona. E ninguém duvida, né?”