Ninho de Mafagafos
Não é exagero afirmar que o Brasil está no ranço da corrupção pela penúria moral de seus dirigentes; claro que com raras exceções é possível destacar dentre os governantes e seus auxiliares muitos que não se deixam seduzir pelas facilidades do Poder. Dizer que o Poder corrompe é uma falácia; pois o corrupto já vem pronto quando nele é alçado. E ninguém se torna dirigente do Executivo, em um país democrático, sem que seja político, pois é através da política e das urnas que o candidato ascende ao Poder.
E seus auxiliares diretos, como ministros ou secretários de Estado quando convidados para exercer referidos cargos, não precisam se ajustar no perfil político-ideológico do ocupante do cargo majoritário e nem se tornar seu cúmplice nas suas más ações. Pois cada um tem plenas condições de se policiar e usar do freio inibitório para não se enredar nas práticas criminosas. E o mesmo ocorre com aquele que pleiteia politicamente referidos cargos.
E uma coisa é certa : toda equipe de governo é heterogênea e nem sempre harmônica, principalmente quando ocorrem disputas de vaidades e preferências. Cabe sempre ao dirigente-mor ter as rédeas nas mãos e personalidade suficiente para impor diretriz de respeitabilidade em sua administração. Esta sempre é a cara do mandatário. Ao término do mandato o conceito do governo como um todo depende das realizações, do controle financeiro, da parcimônia nos gastos, serenidade, competência, zelo ao princípio de autoridade e respeito aos contribuintes.
Porém nos governos civis o modelo desenhado tem sido uma utopia, pois são grupos recheados de corruptos e com poucos servidores públicos. E no ninho político do Poder Legislativo, os acontecimentos quase sempre são os mesmos em razão das renovações pífias de seus quadros. Em toda legislatura surgem pessoas qualificadas e idealistas, mas a maioria são figuras carimbadas e conhecidas dos outros carnavais. Meros politiqueiros comprometidos com o próprio umbigo. E entre todos eles se dá o mesmo com o azeite e a água.
Atuam juntos nos mesmos Plenários, percorrem os mesmos corredores, participam das mesmas salas de reuniões, mas jamais se misturam. Pois não dá para comparar gente como Collor, Alcolumbre, Maia e Benedita, com Oriovisto, Álvaro, Arns e Stephanes Jr. Portanto é induvidoso que os políticos-partidários-eleitos são os dirigentes do país e nós eleitores somos apenas dirigidos ; pois não participamos dos planos, das estratégias, das metas de governo, e muito menos elaboramos as nossas leis. Pois não somos legisladores. Daí porque é um erro ignorar a político-partidária por pensar que um indivíduo probo e conceituado não deva participar do jogo democrático da política para não sofrer desgastes e ofensas gratuitas.
Vez que foi pela omissão dos bons que gerou a malfadada corrupção que nos levou para o mesmo buraco. E sair dela não está sendo fácil, pois apesar de estarmos há um ano sem corrupção no atual governo, existem fatos acontecidos nos subterrâneos deste país continente que não nos permite acreditar em uma saída honrosa a médio prazo. Como o que acabou de acontecer bem no quintal de nossa própria casa.
Na edição de ontem, do Jornal “Agora” de São Paulo, foi veiculada a notícia com o seguinte destaque: “DEPUTADOS DO PR RECEBEM DIÁRIA EM CASA”. E o texto está assim redigido: “Deputados estaduais do Paraná poderão receber diárias de R$ 380 para se hospedarem na cidade em que possuem residência fixa. Ato da Assembleia Legislativa permite que eles acumulem 12 reembolsos por mês, totalizando um acréscimo de R$ 4.560 no salário . (...)”). Vale dizer: o cidadão reside em Pato Branco é eleito deputado e tem que trabalhar em Curitiba, porém quando voltar ao seu reduto eleitoral vai dormir em sua própria casa e receber diárias da Assembleia Legislativa. É a clássica corrupção legalizada no mundo dos Diários Secretos que não têm culpados...
“A crise do Brasil é de decência e moralidade pública. Enquanto os beneficiários dos Poderes da República enxergarem apenas o próprio umbigo, o país jamais sairá do lodo financeiro e da corrupção em que estamos metidos. Pode o agente político se hospedar na casa que reside e receber diária paga pelo Contribuinte ? É ou não caso de cadeia?”
Edson Vidal Pinto
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