No tempo do rádio
Ouvi um comentário interessante cujo autor não guardei o nome que falou sobre a arma mais perigosa inventada pelo homem, descartando até a bomba atômica, para dizer que era o telefone celular. Por quê? Porque ele matou o relógio, a televisão, o computador, o rádio e assim enumerou uma longa série de objetos que deixaram de ser importantes no cotidiano das pessoas. Eu gostei do que ouvi e concordei em parte, por achar que o rádio ainda sobrevive apesar de toda tecnologia moderna inventada, inclusive o aparelho celular, pela magia da sua sobrevida. As ondas do rádio ainda percorrem longas distâncias e levam entretenimento e informações nas regiões mais longínquas e quase inacessíveis. Minha esposa tem um relíquia que ela guarda como um tesouro que é um pequeno rádio que funciona com uma manivela que alimenta uma bateria, sem precisar energia elétrica e nem de pilha. Uma invenção feita na II Guerra Mundial (chamado de “galena”) e usado numa época de tempos difíceis onde imperava a economia de energia elétrica. Nos dias atuais a programação do rádio apesar de não ser variada pois está limitada em quatro únicas plataformas, pela falta de criatividade de seus programadores: religião, noticiário, futebol e musica várzeana; ainda tem considerável audiência. Pois o aparelho de rádio tem vários tamanhos e é fácil de carregar, não ocupa espaço, dá pouca despesa e não precisa de internet e nem de luz elétrica para funcionar. Daí a sua vantagem com relação aos outros aparelhos, inclusive o celular. Uma outra verdade : apesar de sua programação medíocre são inúmeras emissoras que transmitem diariamente ditos programas, portanto, ainda é um nicho que dá lucro e tem audiência. Fico imaginando se estas estações de rádio tivessem em seus quadros de funcionários os comunicadores de ontem com seus programas inesquecíveis, tocando músicas de qualidade e fazendo da radiofonia uma arte. Não dá para esquecer do William Sade com o seu programa “Cacharolete : o Clube do Rock” , na rádio Independência; do Arthur de Souza e sua “Revista Matinal” na Rádio Clube Paranaense; do Luiz Ernesto e o “Momento da Música Clássica” pela Rádio Colégio Estadual do Paraná; da voz empostada e inconfundível de Ivan Curi no “Jornal da Meia Noite” pela Rádio Guairacá de Curitiba; e os programas de esporte com Willy Gonzer, Johnson Sade, Capitão Hidalgo, Dirceu Graeser, Vinicius Coelho, Sucupira, Carneiro Neto e tantos outros locutores e comentaristas que faziam a alegria dos desportistas. Mas esta programação de esportes ainda continua viva pois não são poucos os telespectadores que assistem o futebol pela TV e preferem ouvir a narração e os comentários pelo rádio. Portanto, ouso dizer, que o rádio apesar dos pesares não morreu, continua vivo e servindo como sempre serviu, apesar de pouco aproveitado pela ausência de bons programadores e de gente criativa que possa colocá-lo de volta na preferência do publico ouvinte …
“Quem um só dia teve um microfone nas mãos para apresentar um programa de rádio, jamais se esqueceu deste momento. O rádio foi e sempre será a voz do povo. Ele perdeu espaço mas não a preferência dos ouvintes.”