No Trem da Vida.
Para o viajante que está sentado no banco do trem, olhando para fora da janela, vendo passar paisagens com varias tons da cor verde, que só a natureza é capaz de produzir, sabe que em cada estação que a composição férrea passar ela para, a fim de que algum viajante desça para outro poder subir.
E quem permanece sentado sabe que não chegou ao seu destino. Tem pessoas que compram bilhete para vagões de Primeira Classe, com poltronas mais confortáveis, outros se contentam em viajar na Segunda Classe, onde os assentos são de madeira. Por quê? Porque cada passageiro tem o livre discernimento de fazer sua escolha; os mais afoitos, oportunistas e ociosos nem chegam às boas oportunidades para aproveitar o que a vida proporciona de melhor; outros que transpiram e enfrentam com galhardia a faina diária colhem os melhores dividendos e usufruem dos melhores momentos.
Assim é a vida. Uma longa ou rápida viagem de trem, cujo bilhete comprado no guichê da estação, tem destino aleatório, tempo de viagem incerto, poltrona marcada e um único Chefe de Trem. É Ele que apazigua os ânimos se entre os passageiros ocorrer discórdias, desencontros e desamor. Mas é incapaz de censurar, prejudicar ou castigar aqueles que são egoístas e nocivos, pois destes o próprio tempo se encarrega de cobrar.
Engraçado pensar que mesmo os passageiros tendo a certeza que a viagem não vai durar para sempre, eles deixam de lado os bons momentos das paisagens para fomentarem intrigas entre si. É quando a alma fica pequena e a tristeza reina.
Lembrei-me da lição de um velho catalão, avô de minha mulher, que ensinava aos filhos que as pessoas quando nasciam vinham pintadas de verniz: uns com verniz brilhante, produzido por uma fábrica famosa e de altíssima qualidade; outros com verniz de origem duvidosa, feito num casebre de fundo de quintal.
O primeiro mantém o mesmo brilho para sempre, nunca muda e revela o que a pessoa sempre foi, e o segundo perde o brilho a cada dia que passa. Ele dava como exemplo o casamento: os noivos que tem o verniz autêntico são sempre os mesmos no trato do dia a dia; os que têm verniz de segunda classe acabam revelando o pior de suas verdadeiras faces. É lamentável que muita gente não entenda essa lógica do destino e torne sua curta ou longa existência num nicho de desilusões.
É sempre bom saber que estamos presentemente no mesmo trem de passageiros, que nele somos apenas mais um, e que vale a pena olhar pela janela e desfrutar a viagem aproveitando os melhores momentos que o Chefe de Trem nos proporciona, deixando de nos incomodar com o nosso próximo, há não ser que seja para ajudar...
Pois não sabemos em qual estação é que vamos descer...
“Viver é plantar flores para não colher ervas daninhas. É como viajar para aproveitar os bons momentos e usufruir das belas paisagens. Nada dura para sempre. Feliz é aquele que tem consciência do que está fazendo”.
Edson Vidal Pinto