O Desagravo.
O sindicato dos políticos no país chama-se: parlamento. Ele além de heterogêneo pela individualidade de seus membros é misto -, pois é bicameral por compreender a Câmara dos Deputados e o Senado Federal -, no conjunto representa o Poder Legislativo um dos três pilares em que a República se sustenta. Pelo menos no papel, porque na prática, atualmente, a República não se sabe como, mas está levitando. Fenômeno ainda não explicado.
Pois, bem: o parlamento é o reduto dos eleitos pelo voto popular que ao invés de defenderem os interesses do povo, esquecem-se disto quando assumem o cargo e ao se refestelarem no gabinete e sentirem o cheirinho do poder , acabam aderindo ao governo ou são do contra. Tudo o mais é mera fantasia.
E no conjunto - dentre centenas deles - atualmente só dois mandam: um é o presidente da Câmara e o outro do Senado. Todos os demais são figurantes. Esta é a realidade nua e crua. E como são muitos, o corporativismo que visa proteger calhordas e corruptos pulula a olhos vistos. Claro que existem exceções, infelizmente uma minoria. E a turma é tão daninha que hoje tem o privilégio de serem considerados funcionários públicos com direito a férias, décimo terceiro (?) e aposentadoria.
A função eletiva passou a ser emprego no Oficio Público, uma excrescência inimaginável. Bem que daria para reduzir pela metade o número de deputados e extinguir o Senado Federal, pois na prática seria suficiente para legislar.
E o mais trágico vem agora: eles só conseguem eleger para os cargos de presidente da Câmara e do Senado o pior de todos, escolhido a dedo e medido pela absoluta falta de caráter.
E é sempre assim quando começa ou termina nova legislatura, o critério da má escolha é imutável. E por incrível que pareça eles até encenam “desagravar” quando um dos seus é tripudiado em público tal como aconteceu com o famoso “Capitão Cueca”, o vestal deputado federal José Guimarães, do PT do Ceará. Como sabido ele foi admoestado por um cidadão que não suportando estar sentar ao seu lado no avião, gritou do início ao fim da viagem que ele era ladrão, safado e outras “coisitas” mais. Aliás, não faltou com a verdade e disse o que as pessoas honestas e trabalhadoras gostariam de dizer se estivessem ao lado do cínico deputado.
Mas no final da viagem o brasileiro limpo e de boa índole foi preso pela polícia federal. E o deputado na última sessão da Câmara dos Deputados foi “desagravado” pelo impoluto Maia, o Presidente da Casa. Este salientou que ofender um deputado é o mesmo que ofender a instituição Câmara Federal-, tudo dito em alto e bom som como se ele fosse monge budista e a Câmara um templo sagrado do Tibet. Até quando temos que aguentar tantas encenações e estultices? Tem dias que penso: por que não nasci em Anchorage, no Alaska? Espertinho, não? Pois estaria vivendo no meio da neve, tiritando de frio, morando num iglu, comendo carne de rena, mas estaria no primeiro mundo...
“O Legislativo é o Poder que legisla e fiscaliza os outros dois Poderes. O eleitor tem que ter consciência disto quando eleger seus representantes; sem o qual haverá frustrações tardias. É claro que num país dividido e inculto imaginar com um Parlamento sério e eficaz, não passa de mera utopia”.
Edson Vidal Pinto