O Interrogatório.
Hoje, 14 de setembro de 2017, quinta feira.
Com as alterações do Código de Processo Penal o Interrogatório que era o ato inicial do regular procedimento do processo passou a ser quase o último. Dizem os doutos que dita inversão possibilita a melhor forma do acusado poder se defender do fato delituoso que lhe é imputado.
Como sabido o réu se defende do fato e não do tipo penal em que foi enquadrado. O "tipo" nada mais é do que o artigo de lei ditado em razão da conduta do delinquente. Antes da reforma processual o Interrogatório era ato privativo do Juiz, nem o Promotor e nem o advogado (de defesa ou de acusação) poderiam interferir sob qualquer pretexto.
Mas o Interrogatório sempre se prestou como peça da defesa do acusado e mesmo quando optava em não responder as perguntas do Juiz o silêncio não lhe deixava de ser conveniente. Embora atualmente, além do Juiz, o Promotor e o Advogado também podem dirigir perguntas ao réu que não é obrigado a respondê-las.
Pois o Interrogatório do Lula não foi diferente e versou sobre um apartamento (não mais o tríplex) e o terreno que foi destinado à sua esquisita Fundação, ambos recebidos pelo acusado a título de propina da Odebrecht. Orivaldo, meu amigo vidente, num extremado esforço de onipresença ao ato, desvendou a verdade do que aconteceu na audiência de ontem e como as perguntas foram respondidas pelo famoso larápio.
Circunstâncias de total desconhecimento da Imprensa, que agora entrego de bandeja aos leitores de "O Dia":
- Então, o terreno foi dado como propina?
- Propina? O que é isto, Meritíssimo? Por acaso o senhor não se refere a "aspirina" que eu tomo, quando estou com dor de cabeça?
- Então o senhor não sabe o que é "propina"?
- Não! Por acaso é algum tipo de vírus?
- Mas, o Palocci disse que foi propina...
- Em absoluto! O companheiro Palocci está transtornado da cabeça. Vou lhe contar um segredo e que fique apenas entre nós dois: a companheira Glasi disse que o companheiro Italiano sofreu lavagem cerebral do MP para só dizer mentiras!
- Então o senhor nega?
- Nego, pela alma de minha mulher...
- Qual delas?
- Reservo-me o direito de ficar calado!
- E a Fundação Lula, qual é a finalidade?
- Sabe que não sei. Mas tem um japonesinho que sabe de tudo...
- Mas o senhor não sabe de nada?
- Nadinha.
- E do apartamento em São Paulo?
- O que é que tem?
- Recebeu como propina?
- Já disse, Moro! Não sei nada disse de propina! Deve ser notícia plantada pelo Temer e seus asseclas...
- O Palocci disse que também é verdade!
- Eu já falei que o Palocci está fora da "casinha"! Ele é um bom menino mas está sendo influenciado por más companhias!
- Ah, sei. Quer dizer mais alguma coisa?
- Posso?
- Tem todo o direito que a Lei lhe assegura.
- Qual é o nome do cabeleireiro que cuida do seu cabelo, Meritíssimo? Esta uma gracinha. Eles estão sempre bonitos e bem penteados...
- Audiência encerrada! Boa tarde!
Esta foi à síntese do Interrogatório que levou quase cinco horas! O resto foi só para encher linguiça. Vale a pena reproduzir o que disse o inteligente e empertigado advogado do acusado, na entrevista concedida logo após o Interrogatório à Rede Globo de Televisão:
- O Lula colocou o Palocci no seu devido lugar e desmentiu categoricamente as delações dos
Odebrecht. Quem não deve não teme. A sua absolvição é questão de tempo, basta o recurso chegar ao STF!
É só esperar para ver!
E o Gilmar que o diga...
“O Interrogatório do Lula é repetição da chatice embrulhada. Sua inocência transcende a ignorância da Lei!”
Edson Vidal Pinto