O Jeito É Furar A Fila!
E de repente a tecnologia com todo o aparato e avanço ajudou a Medicina a manter por mais tempo a vida humana -, claro com drogas que os mais idosos tomam ou injetam como se fossem cobaias de laboratórios. Tem remédios de todos os tipos, embalagens, cores, nomes esquisitos, bulas quilométricas com indicações para qualquer doença de ontem, de amanhã e do final do século a começar pela unha encravada e terminar no cerebelo. Inclusive para quem não pode pagar tem os “genéricos” fantasiados com nomes populares e segundo os entendidos com composição química igual ou similar aos remédios de nomes mais sofisticados e caros.
Só que alguns esculápios dão a entender a boca miúda que o efeito não é tão eficaz. Transparece assim mero jogo de cena desse rico comércio farmacêutico. E o pior de tudo é que os medicamentos de primeira linha custam o olho da cara para manter vivo o combalido e extorquido consumidor. São montanhas desses fármacos ou nome parecido que o brasileiro é obrigado a comprar por recomendação médica, fora os milagrosos revigorantes e energéticos expostos cada dez minutos na TV induzindo suas compras para melhorar performances nos esportes e na alcova. Ilusões das mil e uma noites. Porém toda conjugação dessa bateria de invencionice inegavelmente tem contribuído de maneira decisiva para a longevidade, a ponto de os seres humanos estarem experimentando a novidade de atingirem idades nunca antes imaginada.
Eu lembro quando tinha catorze anos de idade que a irmã mais velha de minha mãe deveria ter uns quarenta e cinco anos e já era velha, vestia roupa escura, saia comprida, sapato de salto baixo, não se maquiava e usava lenço na cabeça. E quando morreu com sessenta anos ela uma anciã que eu sempre conhecera. Viveu sem mudar a aparência. Mas tudo mudou. A OMS declarou que “velho” só quem tiver mais de setenta e seis anos de idade, esquecendo, no entanto, de distribuir a indispensável pílula revigorante. Abstraindo a inoportuna brincadeira é certo afirmar que aumentou no mundo o número de velhos, dos bens velhos e dos estupidamente velhos. Eu com setenta e cinco me sinto as vezes como um menino prestes a entrar no jardim de infância. Daí a minha preocupação.
Ouvi no indigesto “Jornal Nacional” da decadente TV Globo que o Ministro da Saúde declarou que a vacinação contra o COVID-19 começará no próximo dia 20, dando preferência às pessoas que tiverem cento e cinco anos idade. Claro que desejo me vacinar o quanto antes, por isso fiz os cálculos e fiquei deveras preocupado. Pois quando chegar na minha faixa etária deverá transcorrer mais de seis meses, logo tenho que continuar driblando o vírus chinês até lá. Já estou pensando em “pedir” para o Gilmar (meu ídolo) um habeas corpus preventivo para furar a fila da vacinação...
“Diz a Bíblia que Matusalém viveu novecentos anos -, tudo bem, nada contra. E ele não foi o único não, outros também foram longevos. Se naquela época existisse o vírus chinês deveria levar uns duzentos anos para vacinar a população. Taí, um bom exemplo que serve hoje para confortar os mais apressados !”
Edson Vidal Pinto
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