O Julgamento
Basta alguém figurar na vitrine da vida pública para ser julgado por suas boas ou más ações, não ficando de lado nem sua biografia e muito menos seu retrato familiar.
E quanto mais relevante for o seu cargo no contexto de uma nação tudo o que se disser ou escrever tende a repercutir de acordo com o interesse oculto daquele que faz veicular o comentário.
Claro que na atual quadra mundial o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky está sendo alvo de especulações, por parecer que se descuidou da economia de seu país e ao acenar intenção de ingressar na OTAN deu ensejo para a invasão russa. Muitos jornalistas ainda condenam o seu despreparo político por ser um humorista profissional sem nenhuma bagagem para ser chefe de Estado.
No entanto reagiu contra a agressão criminosa de Putin, convocou o povo para lutar e recebeu apoio expressivo da população. Ele é um herói ou um embusteiro ? Daí o seu julgamento publico. Duas correntes de opiniões correm pelo mundo todo uma enaltecendo o seu espírito patriótico e destemor por estar numa guerra suicida, pois enfrentar um gigante poderoso e armado até os dentes é tarefa que poucos dirigentes estariam dispostos a encarar.
Mas não faltam àqueles que simpáticos à Rússia pintam Zelensky como um fracassado e fantoche da Europa que faz da guerra um palco para aparecer. E o que mais chamou a atenção foi o blog de um jornalista brasileiro que reproduziu entrevista de uma senhora ucraniana que saiu de seu país quatro dias antes do início da guerra e foi entrevistada na TV francesa; ela simplesmente destruiu a reputação de seu Presidente ao dizer que o mesmo desde que assumiu o cargo deu aso a corrupção desenfreada, o aumento exagerado do gás para calefação e destruiu a economia do país.
Disse a entrevistada que ele é um marionete e antidemocrático levando o país à guerra. Escorado neste contexto o blogueiro tentou justificar o porquê do Bolsonaro ter adotado a posição de neutralidade.
Claro que foi traído pela sua preferência pessoal como aliado do capitão.
Não vou no âmago da questão para externar minha posição pessoal pois pretendo deixar ao leitor o direito de refletir e julgar se o Presidente ucraniano é ou não um herói. Mas não me furto de criticar como os fatos e comportamento de pessoas chegam através da mídia pelas tintas fortes ou suaves dos jornalistas tidos como profissionais das notícias. Refiro-me as tendências políticas e ideológicas de cada um deles.
É sabido que o Luiz Ignácio está viajando pelo México e é entrevistado pela imprensa daquele país: o que ele diria sobre o Bolsonaro e o seu governo ? Não seria mais ou menos o que aquela senhora ucraniana diria de seu Presidente ? Mas vamos inverter : se o Bolsonaro viajasse para a Europa e fosse perguntado como foi o governo de seu adversário Luiz Ignácio ? O teor de suas respostas não seriam quase iguais a da mulher ucraniana? Então quem é essa mulher uma ilustre desconhecida foragida da guerra ? Sem saber muita coisa não se pode dizer se ela é pró ou contra a Rússia ou se está mesmo falando a verdade.
Mas o certo é que cada indivíduo fala aquilo que lhe interessa , ou seja, nunca deixa de lado suas preferências ou tendências pessoais sobre o tema que está abordando. Todo ser humano cultua dentro de si por mais imparcial que queira ser uma partícula tendenciosa que denota sua aliança política ou ideológica.
Portanto não importa o poder do veículo de comunicação nem conceito pessoal do leitor em reconhecer este ou aquele jornalista como únicos merecedores de crédito, pois eles e a organização empresarial em que trabalham não estão imunes às referidas preferências de nomes da vida pública, nem de siglas partidárias e muito menos viés ideológico.
O melhor mesmo é cada um maturar muito bem aquilo que ler e não se iludir com os belos olhos ou estilo do jornalista preferido. É preciso ter sua própria visão dos acontecimentos e não deixar ser iludido pela simples aparência das notícias …
“Todo ser humano que escreve e comenta os fatos do cotidiano por mais imparcial que queira ser é sempre traído pela preferência política e ideológica. Saber distinguir a verdade da ficção não é tarefa fácil. Afinal o Líder da Ucrânia é herói ou não ?”
Édson Vidal Pinto