O Leviano e a Verdade.
Lá pelos idos de 1950, quando Curitiba tinha uma população de trezentos e cinquenta mil habitantes, a cidade era provinciana e pacata; na sociedade todos sabia quem era quem e nas ruas os rostos eram conhecidos uns pelos outros.
O frio, a garoa, a umidade e a geada, faziam com que os moradores vivessem hermeticamente fechados em suas casas e no seio de suas próprias famílias, não sendo fácil que o novo morador que aqui chegasse pudesse fazer amizade fácil, pois o Curitibano sempre foi reservado e difícil de relacionar.
Era uma época em que o receio de estreitar convivência e desfrutar de um mesmo ambiente com desconhecidos exigia prudência e bom senso. Ninguém queria ser estigmatizado por manter simples contatos com indivíduos de má fama. Daí porque não era nada fácil para o novo morador da cidade se acostumar, por não fazer amigos.
A aceitação de amizade levava tempo e mesmo assim quando era admitida, havia muita reserva e cerimônia. E quem não tinha bons antecedentes e conceito eram ostensivamente ignorados, hostilizados com palavras e gestos agressivos.
E hoje, modernamente, mesmo com as mudanças radicais dos hábitos e costumes, onde a licenciosidade e a promiscuidade estão presentes no dia, não apenas os curitibanos tradicionais como os brasileiros ordeiros e trabalhadores, não conseguem ficar calado quando tem próximo de si alguém que causa repugnância, por atos inconsequentes.
Tal como aconteceu com um passageiro numa aeronave comercial quando sentou ao lado do Lewandowski, o ministro do STF.
Indignado com a presença daquela “autoridade” a bordo do avião, não aguentou e exteriorizou ao mesmo toda a sua indignação:
- Então ministro, que vergonha é o nosso Supremo Tribunal Federal!
Palavras que qualquer outra pessoa de bem que estivesse no avião gostaria de dizer àquele que é o verdadeiro artífice e que dá jeito às causas perdidas. Tal como ele fez no impeachment da Dilma, quando cassou seu mandato e nos bastidores engendrou criminosamente para que a mesma mantivesse hígida os seus direitos políticos. Mesmo assim a indigitada mulher foi defenestrada nas urnas quando tentou se eleger senadora pelo seu estado natal.
E o ministro ao ouvir aquela frase de protesto de pronto reagiu:
- Quer ser preso pela polícia federal?
Foi à resposta com tom de intimidação de quem acha que está acima da lei, com prepotência e conhecida soberba.
O passageiro agiu movido pela insatisfação e indignação que todo o jurisdicionado tem da sua Suprema Corte, de alguns Desembargadores e juízes que não se dão o devido respeito e brincam com a Toga que vestem.
Como é o caso específico do Lewandowski. Este não aprendeu ainda que os tempos estão mudando para melhor, novos ares estão bafejando e trazendo de volta o direito que o povo tem de exigir ordem e responsabilidade de todos os servidores públicos.
Está chegando um novo Presidente da República carregando nos ombros o dever de varrer os velhos hábitos da política e exigir dos demais representantes dos Poderes da República uma nova postura de retidão e dever.
E o Judiciário com seu telhado de vidro terá que se ajustar a nova ordem, começando pelos ministros das Cortes Superiores de se libertarem dos grilhões da politicalha e da ideologia castradora, para se dedicarem exclusivamente à prestação jurisdicional. Nada mais. Com altivez, independência e honra.
A fim de evitar o escárnio, a indiferença e a repulsa quando qualquer deles estiver em lugar público. Tal como aconteceu a bordo da aeronave que estava pronta para sair de Brasília. De outro prisma o futuro Presidente da República esteve presente em um estádio de futebol lotado para participar da festa de seu time do coração e foi festejado sem vaias e nem provocações.
Que diferença do septuagenário e pobre Lewandowski, um homem público sem brio e nem norte. E que ao ouvir uma verdade reagiu como um tolo, colocando álcool no fogo. Ninguém perturba o sábio, o bem intencionado e o servidor público cumpridor de suas obrigações.
Só os levianos são publicamente afrontados e estes têm que aprender que o povo não suporta mais as suas presenças, estejam onde estiverem ...
“A autoridade pública que cumpre com bons propósitos o seu dever de ofício, até pode ser hostilizada por adversários políticos cegos de ódio. Jamais por pessoas de bem; mas quando estas mostram indignação é porque o agente público não está cumprindo a contento as obrigações do cargo!”
Edson Vidal Pinto