O Mal Da Modernidade.
E não adianta todos os escândalos que acontecem por causa dos celulares que pululam pelo mundo afora. Num período da Humanidade que não existe mais privacidade garantida e nem sigilo, por que tudo está devassado pela tecnologia que tudo ouve e veem, os episódios se repetem. Mudam apenas os protagonistas.
Falar confidências no aparelho celular é o mesmo que anunciar aos quatro ventos ou falar nos microfones da BBC de Londres para o mundo. Até o pastor do Edir nos cafundó da África toma conhecimento e comenta no púlpito.
Os agentes públicos perderam a noção mínima de cuidado e fazem de seus celulares uma verdadeira latrina: dizem tudo e não escondem nada! E depois do que disseram é divulgado eles se portam como vestais querem desmentir e juram que nada falaram.
Lembra o Maluf - um político do tempo que não existia telefone celular, mas apenas os papéis oficiais - que assinava todos os documentos que eram colocados em sua frente param por as mãos no dinheiro público; e depois que o crime era descoberto e mostravam o documento com sua assinatura ele não perdia a fleuma e respondia:
- Claro que a assinatura é minha, só que não fui eu que assinei!
Não é admissível que pessoas no exercício de funções relevantes não tenham um pingo de cuidado sobre o que falam e com quem falam -, parecem esquecer a prudência e a discrição. Pois se não tivessem falado o que não deviam com certeza a divulgação da conversa não teria nenhuma relevância e nem seria do interesse da imprensa e de ninguém.
Claro que sou uma geração de profissionais que saiu ou está saindo de cena, porém lembro muito bem quando na minha juventude de vinte e dois anos de idade ao assumir o cargo de Promotor, o então Procurador- Geral de Justiça Prof. Ary Florêncio Guimarães, me disse sem rodeios:
- O Promotor de Justiça só fala dentro do processo e nunca fora dele!
E nem eu e nem meus colegas ousávamos dar entrevista na imprensa, salvo quando previamente autorizados. E muito menos nos atrevíamos a fazer palestras sobre os temas dos assuntos que estavam “sub Júdice”. Mas a notória falta de decoro e péssimos exemplos ditados pelos ilustres “jurisconsultos” que integram o STF, que fazem das câmeras de TV e dos microfones acessórios de suas togas, acabaram com a respeitabilidade das carreiras jurídicas do Estado.
Hoje, Juiz ou Promotor dizem o que querem e quando querem seja num telefone celular, para a imprensa ou mediante prévia remuneração para qualquer plateia do país.
E o pior que estes escândalos fazem parte do século que ainda está engatinhando e com certeza os negligentes e ingênuos agentes públicos continuarão com suas bocas grandes alimentando jornalistas sensacionalistas e redes de TV oportunistas.
E nestes telefonemas inconsequentes não escapa ninguém dos envolvidos; por não existir lógica nos procedimentos e nem justificativas. É dispensável citar nomes porque são figuras conhecidas, umas projetadas por acaso e que estão deslumbradas pela popularidade e fama que nunca sonharam usufruir, e outros meros aproveitadores que nada tem a perder. E pensar que o pior ainda está por vir, duvida? Então vamos dar tempo ao tempo...
“Será que ninguém sabe mais agir com discrição? O telefone celular passou a ser a maior fonte de informação e objeto de luxo de todos os grandes escândalo. E os homens públicos caem como patinhos na rede. Ou são ingênuos ou muito despreparados para os cargos que ocupam!”
Edson Vidal Pinto