O Mentiroso e a Verdade.
Sexta-feira, 14 de abril de 2017.
Em plena tarde de uma sexta feira Santa é impossível ignorar a terra arrasada da política brasileira, como reflexo das delações dos Odebrecht. Todos os envolvidos batem na mesma surrada tecla: confio na Justiça; as doações que recebi vieram do meu partido; nada tenho a esconder porque a Justiça Eleitoral aprovou minhas contas de campanha; é tudo mentira pois nunca conversei e nem pedi dinheiro para qualquer empresário; meu relacionamento pessoal com os delatores sempre visou o bem do país; meu passado responde por mim; e jamais agi contra a Lei.
E para somar a esses argumentos ouvi há pouco na Radio Band News a declaração do patético Ministro Gilmar Mendes de que as delações devem ser provadas, pois caberá um papel importante para os advogados de defesa separar o joio do trigo, ou seja, provar o que é doação e o que é Caixa dois.
É tudo um jogo de palavras na tentativa de tapar o sol com uma peneira! Vejamos: o ganho ilícito das doações explicitadas amiúde pelos dois Odebrecht, sem duvida refletem o fato de o dinheiro ter engordado a receita da campanha do candidato beneficiado em detrimento aos demais adversários concorrentes, ou destinou-se ao próprio bolso do político solicitante.
Se o repasse ocorreu diretamente ou por intermédio do Partido Político é questão irrelevante, pois no jogo sujo da política não é lícito a ninguém ignorar a origem do dinheiro doado. Porque ninguém desse meio é vestal ou neófito. Qual a prova que o Gilmar disse faltar para poder firmar a sua convicção de Julgador?
Parece que a verdade sabida dos fatos é reconhecida por qualquer pessoa de nível primário, não se exigindo muito além das delações premiadas pela riqueza de detalhes, suficientes para esclarecer as participações dos envolvidos e as circunstâncias fáticas das imputações.
E a prova fatal dos crimes perpetrados está estampada nos documentos contábeis da empresa através do seu departamento de propinas!
Tudo o mais que se acrescente ao processo servirá apenas para agregar por osmose o, contudo nas delações, com testemunhas de ouvir dizer. Acredita-se que as conversas havidas entre os empresários e os agentes públicos corrompidos (ou vice versa) ocorreram há quatro paredes, sem testemunhas presenciais.
A prova de um fato faz-se pelo conjunto de elementos capaz de inculcar na pessoa a certeza do acontecido. Suficientemente demonstrado na espécie. Claro que os acusados tendem a distorcer os fatos e o mentiroso contumaz tem a capacidade de disfarçar a verdade e criar nova versão, que ao ser repetida por ele inúmeras vezes e em diversas ocasiões o faz acreditar piamente na sua própria mentira.
E os políticos profissionais são verdadeiros artistas para criar seus intrincados sofismas. E no final se o Juiz não tiver o suficiente amadurecimento e experiência para não se deixar levar pelo "nhenhenhém" dos acusados, exigindo provas absurdas para provar o que já está provado, com certeza estará comprometendo a imparcialidade da Justiça.
Ninguém é bobo de ignorar que forças ocultas estão tramando abafar o maior escândalo político da história do Brasil. Sem esquecer também que Lá em Brasília o mais ingênuo do Partido Político no Poder ou é tesoureiro de campanha ou Presidente da República! É mentira ou verdade? Julgue se for capaz...
"Político e mentira parece pleonasmo. Quanto o político profissional diz a verdade é porque está dormindo e sonhando. A mentira quando repetida continuadamente soa como verdade na consciência do inconsequente".
Edson Vidal Pinto