O ótimo hábito de ler
Entrei na ante-sala do consultório médico para realizar um exame oftalmológico e encontrei cinco adultos esperando para ser atendido, todos de olhos fixos nos celulares que seguravam nas mãos, apenas uma menininha de uniforme do Colégio Bom Jesus, aparentando uns 9 anos de idade, não tirava os olhos de um livro que lia, totalmente absorta sem olhar para ninguém. Pensei comigo mesmo: “A humanidade está salva!” Só de quando em quando ela virava a página do livro, num exemplo vivo de que apesar dos pesares os celulares ainda não ganharam a batalha travada contra os eleitores de livros de papel.
A menininha era um exemplo vivo disto. É claro, também, que é possível ler na telinha do celular livro virtual, mas com certeza, nenhuma das pessoas presentes no local estavam fazendo isto. Ninguém mesmo, pois o demoníaco aparelho que se tornou um apêndice solto do corpo humano serve para todos os tipos de leituras, menos para ler livro. Aliás são poucas as pessoas que cultivam o hábito de ler algum romance, ao invés disto, ficam na frente da TV assistindo novela porque os personagens são vivos, tem cenários e isto dispensa o uso da imaginação. Também é certo que existe livro chato de ler, embora esteja sempre na vitrine dos intelectuais como leitura obrigatória, tido como um dos livros indicados até no vestibular. Um exemplo ? “Os Sertões” de Euclides da Cunha, um livro interminável, com linguagem rebuscada, difícil de ler, mas é uma obra prima da literatura brasileira. Duvido que muita gente tenha lido, mas com certeza milhares de leitores tentaram e não passaram das dez primeiras páginas. Duvida? Tente ler para ver se não é verdade. Mas conheço pessoas que não dispensam a leitura de bons livros, sem se importarem com o gênero, nem se os autores são nacionais ou estrangeiros. Estas são pessoas que enxergam a vida de maneira diferente, viajam sem deixar a poltrona de casa, conhecem o mundo e o gênero humano com suas virtudes e frustrações, por isto nunca se decepcionam. Sim, porque os personagens das histórias mostram aos leitores aquilo que são, uns ensandecidos, outros autênticos, muitos dissimulados e bem poucos leais. E viver suas atuações nos enredos criativos dos autores é uma escola de vida, fruto de um aprendizado abstrato, mas que se olharmos para o lado eles orbitam entre nós diariamente. Ler faz bem para a alma -, quem nunca leu uma só poesia de Helena Kolody não sabe o quanto perdeu, pois não pode avaliar sua sensibilidade e ternura quando colocou sua alma ao escrever no final de sua “Cantiga” um pingo de verdade:
“Chegar ao Porto
da vida finda,
cantando sempre,
sonhando ainda.”
Ler é prazeiroso e envolvente, o livro deveria ser leitura obrigatória do professor numa sala de aula para seus alunos, permitindo interpretações e despertando a imaginação como fonte criadora e inesgotável de felicidade. Seja você feliz também, faça do livro um tapete mágico, suba nele e ele lhe transportará para uma outra dimensão onde tudo parece real sem ser, e viva aventuras, dramas e romances que serão lembrados para sempre…
“Ler um livro é sempre um aprendizado pois desperta o leitor para um mundo diferente, além de obrigar a pensar, sonhar e encontra a felicidade. A criatividade do autor proporciona ao leitor deixar a sua própria bolha onde vive, para ir em busca de coisas novas. Quem não lê tropeça nas próprias pernas.”