O País que Perdeu a Graça.
Digo de antemão que não estou me referindo ao país da piada pronta, que conhecemos muito bem e sabemos onde fica. A intenção desta crônica é escrever sobre os artistas do riso que nos deleitava nos teatros e nos programas alegres e inteligentes; cômicos natos e humoristas de primeira linha.
Quem nunca assistiu a um bom espetáculo no Teatro de Revista, com artistas caricatos e belas vedetes; teatros com lotação esgotada com Darcy Gonçalves; Jô Soares; Chico Anisio, José Vasconcelos; Costinha e tantos outros que sozinhos faziam o espetáculo. Na Rádio Nacional do Rio tinha o famoso programa “Uma Pulga na Camisola”, “Edifício Balança, mas não Cai”, na TV Recorde “A Família Trapo”, com Golias, Jô Soares, Renata Fronzzi, Otelo Zeloni, na Globo “Chico City”, “Viva o Gordo”, “Planeta dos Macacos”, “Chico Anisio Show”; no SBT a “Escolinha do Golias”; “A Praça é Nossa” dentre outros. Sem falar no espetáculo solo de Juca Chaves, o menestrel maldito.
Época de grandes escritores de textos e sátiras como Max Nunes e Carlos Manga; filmes chanchadas com Oscarito, Grande Otelo, Zezé Macedo, Violeta Ferraz, Ankito, Zé Trindade, Colé, Mesquitinha, José Lewgoy, e o humor caipira do impagável Mazzaropi. Uma geração de humoristas que fizeram rir um país alegre, cujo povo brincava nos cortejos do carnaval, atrás dos blocos, com bisnagas de lança-perfume, confete e serpentina.
Mesmo no reservado e tradicional ambiente Curitibano as boas famílias e suas proles ficavam na rua XV de Novembro para ver e aplaudir os blocos do Verga mais não Quebra Acadêmicos da Sapolândia, Ases da Alegria, Embaixadores da Alegria, Dom Pedro II, Colorado, Mocidade Azul e Não Agite.
E os bailes de carnaval, que bailes: Sociedade Thalia, Clube Curitibano, Santa Mônica, Sociedade Internacional da Água Verde, Círculo Militar do Paraná, Sociedade Beneficente Operária do Batel, Sociedade D. Pedro II, Coritiba Foot Ball Club, Sociedade Morguenau e Sociedade Operária Beneficente Alto São Francisco. Sem esquecer-se dos nossos consagrados artistas do humor: Ary Fontoura (Dr. Pomposo) e Odelayr Rodrigues (“Ela Só é Society”).
O Brasil era alegre e o povo era feliz. Tudo isso ficou para trás, como uma página virada de um livro sem fim. O Brasil mudou porque o PT semeou o ódio entre as classes sociais fomentou o racismo, implantou a divisão entre “nós e eles”, banalizaram o princípio de autoridade, afrontou a lei e abocanhou fortunas.
E o atual mandatário se sustenta comprando votos e apostando na impunidade. O país perdeu a graça. Os velhos humoristas saíram de cena e os novos fazem piadas do desgoverno, sem maiores criatividades. É chato rir de si mesmo repetidas vezes, enche. O Brasil também ficou pobre do bom humor, clássico, brejeiro e espontâneo.
Nossos artistas são piadistas, contadores de anedotas de almanaques, nada mais do que isso. Somos um povo triste, sem eira e nem beira. Sempre esperando o pior. E pensar que nem temos mais a Dilma em rede nacional de rádio e TV, que sozinha fazia a gente quase morrer de rir, muito mais do que todos os nossos humoristas juntos!
“Rir no momento em que o Brasil está triste, não é tarefa fácil. Não é para qualquer humorista. É chato a gente rir de nós mesmos. Só a Dilma é capaz de nos devolver a alegria. Porque ela sozinha é impagável!”
Edson Vidal Pinto