O Pajé Vem Resolver!
Ainda bem que os gafanhotos desistiram de entrar no Brasil depois de ficarem na fronteira do Uruguai observando a fria em que entrariam, pois com certeza morreriam de sede.
Faz tempo que não chove em Curitiba e os nossos reservatórios seriam insuficientes para saciar a sede de milhões daqueles pequenos insetos esfomeados. E por quê não chove?
- Por causa do Bolsonaro! –
disse com sapiência divina o frei Boff.
- Claro que não!! -contestou com veemência a Amante.
- Como você ousa discordar?
- Claro que ouso, meu bom frei. O Bolsonaro é culpado não apenas pela seca mas por tudo que acontece no país: a morte da Marielle; as mortes pelo Covid-19; o fogo na Amazônia e no Pantanal; a queda do Allende; a fome na Venezuela; a queda de produção do CAP; a doença do Renan e ...
- A queda de prestígio do Santo Padre ! - arrematou o frei que não é muito frei.
Eu sei que é sempre esta ladainha de conversa que brota quando alguém questiona o porquê de não chover mais como chovia em nossa capital. Foi quando então a Margarita sugeriu ao seu amado marido - o Alcaide - que promovesse um Congresso reunindo a nata de notáveis e políticos de nosso estado para encontrar uma solução que o caso exige, antes de enrugar o solo curitibano. E assim foi feito.
O local escolhido foi o auditório do Teatro Guaíra que no dia do evento estava lotado, tanto que o Maria Louca por ter chegado atrasado não pode entrar e ficou gritando todos os impropérios de seu inesgotável dicionário, só tendo se acalmado quando o pipoqueiro em respeito a sua idade avançada lhe ofereceu o seu banquinho para ele sentar. É a velha máxima: “Rei morto , Rei posto; viva o Rei!”
O Alcaide depois de cantar o hino de Curitiba e recitar sobre a história da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, abriu o conclave e deixou livre a palavra. Sempre oportunista o Francischini foi o primeiro:
- A culpa da estiagem é das professoras ...
- Não! - discordou o dr. Rosinha. - A culpa é do Bolsonaro ...
-Jamais!! - gritou o Justus-
A culpa é só do Bibinho !!!
E daí o pau comeu para valer: foram tapas e empurrões para todos os lados, as poltronas foram arrancadas e jogadas sem dó e nem piedade e a cortina de veludo foi toda ela rasgada para servir de tipóia para aqueles que tiveram os braços quebrados. De repente alguém assobiou tão alto que o tumulto cessou na hora, os contendores se entreolharam.
- Fui eu que assobiei! - disse o grande líder do Governo Federal na Câmara dos Deputados - Gente, vamos com calma chegar num consenso, que tal chamar um pajé indígena do Alto Xingu para ele dançar para nós e chamar a chuva?
- Não sendo índio americano eu topo! - sugeriu o atual reitor da UFPr.
E assim a proposta foi acolhida por unanimidade. A reunião de notáveis foi desfeita e tudo terminou em perfeita harmonia. Quando o Alcaide foi dormir é que surgiu uma pequena preocupação:
- Meu bem. - ele sussurrou no ouvido de sua amada- E quem vai pagar o transporte aéreo e a estadia do pajé no Hotel Bourbon ?
- Não se preocupe; você não passou duzentos milhões para os donos dos transportes coletivos ?
- Sim ...
- Então deixe que eles pagam ...
- Não tinha pensado nisso. Boa noite.
- Boa noite. Sonhe com anjos.
- Amém!..
“A solução plausível para a longa estiagem de Curitiba é chamar um índio qualificado e PHD para executar a “dança da chuva”. Não dá para esperar mais, pois a Copel e a Sanepar estão “louquinhas” para aumentar as suas taxas. Precisamos ajudar as “nossas” Companhias a equilibrar seus orçamentos porque elas são de “todos nós” paranaenses. Eu, hein? Porque não privatizar logo!”
Edson Vidal Pinto
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