O Perigo de Pensar e de Falar
Vivemos um momento ímpar no país pois é muito difícil saber quando é possível falar para discordar ou elogiar porque parece existir um patrulhamento castrador e agressivo. Pelo menos dá para pensar enquanto nenhum telepata for nomeado para prestar serviços gratuitos aos censores de plantão.
O Daniel Silveira disse o que pensava e foi tosquiado em fogo alto, só faltou perder o escalpe. O controvertido ex-Presidente do PTB incomodou tanto os inquilinos do STF que acabou encalacrado em algum lugar incerto e não sabido. Fechou a boca como se nela alguém tivesse entalado uma batata quente.
O Luiz Ignácio, ah, este pode falar mentiras e as abobrinhas de sempre que ninguém impede porque ele tem segredos tão bem guardados que só o Barroso e sua turminha deve conhecer muito bem. O Zé Dirceu, a Gleisi, o Requião, a maravilhosa Benedita e toda a caterva do quanto pior melhor fala tudo e mais algumas coisas para derrubar a democracia e nem um único pio de reprovação para contradizer os dito cujos.
Mas quem não estiver no rol destas pessoas ungidas e falar mal do STF, dos gays, das lésbicas, do BBB, da Petrobras, do carnaval fora de época e do Flamengo poderá ser execrado e ficar no ostracismo pelo resto da vida. É bom nem tentar para não se incomodar.
Então que país é este ? Pois vou dizer sem errar: é o país do deboche -, onde onze ministros do STF têm poder absoluto para decidir sem se importar com a Lei; um Presidente do Senado Federal omisso por não controlar os desmandos dos Magistrados das Cortes Superiores; e uma Câmara de Deputados que abriga sob seu teto uma quadrilha chamada “Centrão” que age como garota de programa sempre disposta a servir qualquer governante.
E ser Presidente da República num modelo como esse é receber bordoadas de todos os lados e andar de motocicleta nos finais de semana para não arriscar ficar sozinho e cair. Mas o desmanche do Estado brasileiro começou lá atrás com a criação do MST, a eleição do FHC, a promulgação de uma Constituição casuísta, com as gaiatices do Brizola mancomunado com bicheiros e traficantes no Rio de Janeiro, com a aparição do Luiz Ignácio quando desceu de uma nuvem oriunda de um arroto alcoólico, com a proliferação dos sindicatos classistas e com a ressurreição da Dilma que chegou com tudo para derrubar qualquer resistência.
Claro que toda essa argamassa jamais se prestaria para sustentar o peso de um país de dimensão continental habitado por cidadãos probos e trabalhadores, mas que nunca se meteram em política partidária. Este foi o mal , porque os medíocres tomaram conta da política (com óbvias exceções) e ocuparam os postos comissionados de comando para fazer politicalha de botequim.
A deterioração contaminou os estados com eleições de governantes despreparados e ideologicamente comprometidos em bagunçar o coreto; e de Prefeitos Municipais que não sabem distinguir buraco na rua com furos de botão de roupas. As universidades públicas foram banalizadas por oportunistas e transformadas em fauna e flora.
São estopins de discórdia, utopias e prega abertamente o ódio entre classes sociais e alimenta o racismo. A estrutura administrativa dos três poderes apodreceu ante os descalabros dos maus gestores.E a cereja do bolo é a turma de anistiados que retornou com o rei na barriga pois receberam valores pelas “torturas” sofridas e foram nomeados para postos chaves nas administrações petistas jurando vingança.
E até as forças armadas que deveria atuar como Poder Moderador para colocar fim na discórdia entre os três Poderes continuam amorfas porque seus oficiais não sabem para quem bater continência. É melhor parar por aqui para não ultrapassar o espaço desta crônica. Enfim é forçoso reconhecer que o país está parecendo o verdadeiro samba do crioulo doído, pois está difícil de entender os rumos que está tomando e quem manda de verdade…
“O palco dos acontecimentos está de ponta cabeça, ninguém arrisca um palpite sobre o futuro. A efervescência política partidária com alta dose ideológica é um barril de pólvora. Ingredientes que eleitor nenhum pode olvidar.”
Édson Vidal Pinto