O Previsível
Para o político profissional o ostracismo é pior que comer mamona em festa de réveillon porque deixa a barriga pesada e quando cada baga tiver que “sair”, logo no amanhecer de um Novo Ano, arde tanto quanto um gole da Caninha “51” para quem nunca de fato bebeu uma purinha.
A expressão “ostracismo” vem da época da democracia da velha Grécia e era a punição imposta aos políticos vendilhões e nefastos que enriqueciam às custas do povo, ludibriando a vigilância do Estado. O “mau caratista” na linguagem de Odorico Paraguaçú era banido do país pelo período de dez anos para depois retornar caso tivesse “cara de pau” para enfrentar o povo.
O abalo moral era tanto que nenhum deles se atrevia regressar a não ser escondido. Na democracia de hoje e no país que vivemos que é um rosário de impunidades o político sacana só sai da política porque não tem mais de onde roubar e então opta por uma aposentadoria indecente às custas dos Contribuintes; ou quando é defenestrado nas urnas eletrônicas e entra no inferno das tentações.
Porquê tem de tentar de tudo para retornar à vida pública: custe o que custar. Serve um carguinho em comissão aqui, ali ou acolá só para não perder o gostinho de orbitar no Poder; ou tentar dar o último suspiro sem a máscara de oxigênio para impedir que alguém menos avisado e num gesto humanitário feche a tampa do caixão.
Nesta última hipótese a solução é tentar se eleger ou servir de alavanca para beneficiar quem possa amanhã ressuscita-lo do ostracismo. Esta a fórmula mágica encontrada por Roberto Requião de tentar “a volta por cima” ao se candidatar “de brincadeirinha” ao cargo de Governador do Paraná, pois a real intenção é abrir um palanque ao Luiz Ignácio apostando que as previsões da DataFolha dê certo para que no amanhecer do próximo ano ele seja nomeado Ministro de Estado da Justiça e da Segurança Pública do Brasil. Pois ganhar a eleição seria um aborto da natureza.
Político ultrapassado só vive de encenação. E sem nenhuma surpresa ele vai se filiar ao PT -, ato previsível porque como emedebista sempre foi um petista de corpo e alma, um enrustido como muitos por aí. E o Luiz Ignácio retornará à Curitiba sem algemas para assinar a ficha de filiação do citado cavaleiro das Araucárias.
Há um ditado que diz: “as pedras rolam, rolam e um dia se encontram” e é possível que seja verdade; mas um outro ditado que é a mais pura das verdades diz: “ os semelhantes sempre se atraem”. Não sei porquê lembrei dessas frases dispersas nesta crônica tão ingênua, por certo fui traído por não querer comparar ninguém com coisa nenhuma.
Mas voltando ao tema central acho que o Curitibano pela sua cortesia e gentileza àqueles que visitam nossa cidade com certeza vão sair nas ruas e dar boas-vindas ao magnânimo e honrado Luiz Ignácio, e em peso vão querer rubricar a ficha de filiação do novo petista.
Uma cena digna de um Picasso por ser este o único capaz de retratar para a posteridade a bizarrice de um estranho espetáculo circense …
“Sinto na medida em que se aproximam as eleições e vendo o nome de possíveis candidatos que corre em minhas veias o fel vindo diretamente do meu fígado. Meu humor está amargo. Meu sangue evaporou !”
Édson Vidal Pinto