O Remédio e o Chuchu.
No último dia da semana depois de tanta política e politicagem com certos candidatos prometendo o mundo e o fundo, pensando enganar os leitores e ludibriar a boa-fé dos incautos, hoje é um dia de armistício -, portanto, não vou falar em eleições. Mesmo porquê nesta altura da mais rápida campanha que se tem conhecimento, cada eleitor já escolheu seu próprio candidato e só os chatos é que tentam convencer os amigos e desavisados que o Ciro é a esperança de ir para o terceiro turno a fim de impedir a vitória do luiz Ignácio.
Arre, um papo difícil de aguentar. Por isto vou falar do chuchu - não do Alckmin - mas da hortaliça da família das cucurbitácea dos quais são primos a abóbora, melão e a melancia. Legal, né ? E sabe por quê eu lembrei deste fruto hortaliça ? Porque há mais de vinte dias minha mulher está doente (agora melhorando aos poucos) e me vi obrigado a percorrer consultórios médicos e farmácias para comprar remédios. Putz, cheguei a triste conclusão que tem mais fármacos multicoloridos nas prateleiras das farmácias do que chuchu pendurado na cerca. Santo Deus, tem remédio para tudo e todos até para doencas.
Tem um apelidado de “genérico” que faz as vezes do ator principal quando este não está em cena, não tem tanta classe e nem pose mas dizem que tem igual eficácia no desempenho do papel. E de tanta farmácia que percorri também lembrei da história de dois amigos, um doente e o outro sadio, quando o de bem com a saúde insistiu para o outro que não parava de tossir que consultasse um médico. Depois de muita insistência o doente que detestava médicos e remédios acabou cedendo e procurou um especialista sob às vistas de seu vigilante benfeitor. E assim foram no médico que examinou o doente e recomendou uso de medicação específica. O paciente pegou a receita. Daí foram na farmácia onde o amigo doente entregou a receita para o farmacêutico, recebeu uma montanha de remédios, foi no caixa e pagou uma nota. Depois os dois amigos saíram da farmácia e quando caminhavam até a casa onde morava o doente, este viu na calçada uma lata de lixo e sem titubear jogou o pacotão de remédios dentro do recipiente.
O amigo viu a cena e chocado perguntou :
- Oh, Alceu! Que história é essa ?
Em resposta o adoentado falou:
- Meu amigo : você insistiu comigo que eu fosse no médico e eu fui.
Ele então receitou um catatau de remédios e dai fui na farmácia e comprei todos eles, não é verdade ?
- Sim, é verdade. Mas por quê você jogou os remédios fora ?
- Vou te explicar : fui no médico paguei a consulta porquê o médico precisa viver. Depois fui na farmácia onde comprei uma quantidade enorme de remédios e paguei todos eles, porque o farmacêutico precisa viver …
- E por quê então você jogou os remédios no lixo ?
- Porquê eu também preciso viver !
Claro que abstraindo desta historia o exagero, mesmo assim, ela tem um fundo de verdade. Todos nós compramos por mês uma tonelada de remédios receitados pelos esculápios, que as vezes não têm a mínima eficácia. E o pior : de um um vidrinho de vinte compridos as vezes tomamos cinco deles e o resto fica armazenado numa prateleira do armário como mostruário de nosso próprio desperdício. Eu mesmo exagerado como sempre fui ao invés de comprar uma única caixa de comprimidos acabei comprando quatro e minha mulher quando ingeriu o primeiro teve forte reação e a medicação foi suspensa.
Como é remédio controlado a farmácia não recebeu os produtos de volta. Para não ficar na “drogaria” do armário fui numa farmácia e descobri que duas atendentes faziam uso do medicamento e presenteei para elas. Mas tem muito remédio à venda e seus preços são de furar os dois olhos da cara e rasgar o fundo do bolso. Sem dúvida depois da indústria bélica acho que a indústria farmacêutica é a maior máfia que existe no planeta. E pensar que temos uma Amazônia nas mãos que está sendo dizimada e tem gente pervertendo os nossos indígenas -, e com isto fazemos um mal danado para a humanidade.
Sim, porque a receita do Pajé poderia substituir milhares de remédios que são vendidos e um apito de madeira ou de plástico poderia muito bem pagar a consulta. E para ter o remédio de graça nas mãos, bastaria apanhar os arbustos certos, cavacos, cascas de árvores e raizes que crescem no mato que sabidamente são eficazes e curam qualquer doença…
“A Indústria Farmacêutica é fator de preocupação muito maior do que qualquer doença; porque produz medicamento que quando chega à curar o doente, ela mesma consegue deixá-lo nu com a mão no bolso. O preço do fármaco tem sabor da insolvência.”
Édson Vidal Pinto