Objetos Indesejáveis
Lembrei de um tema que nunca abordei em minhas crônicas, um objeto qualquer que quando vemos dá vontade de comprar, ou um outro, quando nos deparamos com ele em situação de consciência para lá de pesada, queremos logo nos desvencilhar com máxima urgência. Pois é, vou contar dois episódio do cotidiano em que dois objetos - um chapéu e um sapato feminino - serviram como motivos do que falei antes, o primeiro como objeto de desejo; e o segundo, como objeto de pseudo crime. Curioso, não? Espero que sim, vou rebuscar estas próximas linhas com muito molho e ondas de mistério. Ao menos, vou tentar. O chapéu. Quando fui moço, bem no início da televisão em Curitiba, lembro que passavam algumas séries de filmes como “Patrulheiros Toody”, “Perry Mason”, “Aventura Submarina”; “Zorro”; “Perdidos no Espaço”, “Bonanza”; “Guilherme Tell”, “Daniel Boone”, “I Love Lucy”, “Além da Imaginação”, “A Feiticeira” e tantas outras, mas uma, em especial, era a minha preferida: “Os Intocáveis”. O pano de fundo era a cidade americana de Chicago, nos anos 30, quando imperava a “Lei Seca” e reinava o famoso gângster Al Capone. Cabia aos agentes federais chefiado por Eliot Ness combater a criminalidade e restaurar a ordem na cidade.
E todos os protagonistas desses filmes usavam terno, gravata e um chapéu de feltro, com abas curtas, que além de ser marca registrada dos heróis e vendidos, também, era a moda da época. Eu sonhava em ter um chapéu daquele mesmo modelo. Um dia fui na “Casa Edith” e comprei o dito cujo, de cor cinza, com fita da cor preta, da tradicional marca “Cury”. E quando podia usava o mesmo nas melhores ocasiões. Eu achava, só eu, que estava “abafando”. Só eu não sabia que minha namorada, depois noiva não gostava nadinha do meu chapéu, mas nunca me falou nada. Um mês e pouco, depois de casados, estávamos os dois e mais o meu chapéu, este no banco traseiro, do nosso Fiat 147, quando, de repente quando atravessávamos a “Ponte Preta”, num momento de distração, ela rapidamente pegou o meu glorioso chapéu e jogou para fora da janela. Vi pelo espelho retrovisor que o meu chapéu caiu no paralelepípedo e um caminhão, carregado, passou por cima dele. Ele foi o meu sonho de consumo, para minha mulher não. O sapato feminino. Neste episódio terei que caprichar para que o principal ator não seja identificado, por isto, vou maquiar o acontecido. Ele um senhor de idade, figura respeitável, ótimo chefe de família e cidadão exemplar. O cenário de fundo era ele e a esposa, também, dentro do carro, rumo à sede do Country Club, traje a rigor, para uma festa de casamento. No trajeto ele olhou para o soalho do carro, lado do passageiro, e viu um pé de sapato feminino sem que sua esposa percebesse e gelou. Com cuidado abaixou o vidro da janela do lado de sua porta e, com astúcia, chamou a atenção para que sua mulher visse a vitrine de uma loja de roupas, situada do lado direito da rua. E quando ele virou o rosto em direção da loja, ele com a agilidade de um raio, pegou o tal sapato do assoalho e arremessou o mesmo pela janela de sua porta. Depois com toda a tranquilidade, fechou o vidro do seu lado, respirou profundamente e chegou no clube. Parou o carro no estacionamento coberto e quando foi sair do carro, ouviu sua mulher perguntar:
-João, que coisa esquisita, não estou achando o meu sapato, que tirei do pé, porque estava me apertando!?
Já passaram muitos e muitos anos deste fato, só espero que ninguém lembre do nome deste safadinho…
“No cotidiano existem as melhores histórias protagonizadas por todos nós, porque ninguém está livre dos caprichos e besteiras humanas. A vida é um palco hilário entremeada de tristezas, ganhos e perdas, pena que tenha tanta gente má, que só destila ódio e divide irmãos.”