Olhe a Vacina Chegando, Gente!
“Olha o carro do sonho chegando, freguesia. Precinho bem camarada.” Quem não ouviu não é mesmo este anúncio ecoar no alto falante do carro do vendedor de sonhos percorrendo os bairros de Curitiba? Com certeza todos, porque ele faz parte do folclore de nossa cidade. Daí então fiquei imaginando daqui alguns dias um carro com igual característica anunciar: “Quem quer uma vacina hoje, freguesia ? Tem de todos os tipos, nacionalidades, procedências e tudo com preço ao gosto do freguês!”
Sim, porque pelo que já foi anunciado pela mídia já foram compradas ampolas e agulhas para “picar” toda a população do país. E o Doria esta sequioso em levar uma agulhada na nadega, se é que já não levou em Miami.
Não é positivamente o meu caso. Sou reticente a qualquer vacina desde a experiência que protagonizei como autoridade em ato de vacinação política. Foi na Comarca de Jaguapitã onde atuei como Promotor de Justiça. No início de 1.970 a região foi assolada por um surto de febre amarela e o então Secretário de Estado da Saúde dr. Arnaldo Busato, determinou uma ação preventiva de combate à doença com um plano de vacinação em massa.
O Prefeito Municipal era o saudoso sr. Júlio Jacob, que programou uma festa cívica para vacinar os munícipes, com um palanque armado na rua principal para ouvir os pronunciamentos do Secretário e do dr. Paulo Pimentel, Governador do Paraná. Constava da programação oficial que após as manifestações das citadas autoridades e dos políticos locais seria iniciada a vacinação no próprio palanque começando pelo Juiz de Direito dr. Carlos Raul da Costa Pinto, depois eu, em seguida o Prefeito e depois os vereadores, sendo que os três primeiros da fila foram vacinados pelo próprio dr. Busato. Eta injeçãozinha doída!
O líquido entrou no meu braço como fel e só não chorei e cai combalido no chão de madeira, porque um maldito fotógrafo do jornal “A Folha de Londrina” tirava fotos na medida em que o Secretário vacinava as autoridades. Fiquei pouco tempo no local porque meu braço amorteceu e eu tinha impressão de que ele tinha caído no chão.
Cheguei em casa e caí prostrado na cama. Todo o meu corpo doía. A noite tive febre de quase quarenta graus de temperatura. Foram dois dias terríveis motivados pela reação da vacina. Claro que uma vacina não é igual a outra é muito menos suas reações no organismo humano. E agora está chegando a hora e a vez da vacina da Covid. Qual a melhor? Eis uma questão ainda não esclarecida.
Mas segundo a prudência médica é melhor vacinar e se prevenir do que ficar esperando um milagre. Não digo que vou procurar ficar no início da fila da vacinação do Doria ou de qualquer outro governador, mas que vou me vacinar, isto eu vou. Estou começando a ficar aborrecido com o isolamento social e cada dia mais triste de saber os nomes das pessoas que tem sido vítimas desse vírus chinês. Quando a vacina chegar vou me comportar como um cordeirinho, entrar na fila dos beneficiários e nem vou pensar no que me aconteceu num certo dia, e num palanque em Jaguapitã ...
“Daqui há pouco a vacina contra o Covid-19 estará chegando no Brasil. E não adianta resistir pois uma vez aprovada manda o bom senso que todos deverão se vacinar, por ser dever de cidadania. É assim que a humanidade caminha.”
Edson Vidal Pinto
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