Ovo no Espeto!
Ontem, 07 de março, terça feira.
Confesso minha total ignorância culinária. Fico trêmulo e suo todas as vezes que ouço na Radio Bandnews um senhor de voz morosa ensinar como fazer determinado prato e dar a respectiva receita em menos de dois minutos. Sinto-me um alienígena porque não consigo entender nada, sou um estranho na cozinha.
Sempre passei longe das panelas, parece que elas e eu somos inimigos de vidas passadas. Só de olhar os ingredientes perco a noção de tudo, nunca levei jeito e nem vesti um único avental e muito menos ousei colocar um pomposo chapéu de Cheff e jamais pilotei um fogão. Sou por assim dizer um rebelde sem causa. De outro prisma adoro saborear um prato apetitoso e preparado com esmero.
Admiro as mulheres que se deleitam quando elaboram a divina arte de cozinhar, o gosto que elas têm e a simplicidade com que elaboram os pratos para as mais diversas ocasiões. Parece que está no gene, no instinto protetor de querer prover o bem estar da família e das pessoas.
Eu sou um zero à esquerda. Com o perdão da palavra: nem café eu sei passar! Invejo mesmo os meus amigos que fazem da cozinha o agrado da família e dos amigos acende o fogo do fogão sem medo e como se isso fosse um ato banal, fervem a água na chaleira como se estivessem dando um doce na boca de uma criança e lidam com desenvoltura os utensílios da gaveta dos talheres com a maestria de um calejado cirurgião no manejo de seus instrumentos médicos.
Eu, não! Só sei identificar a faca do garfo, a colher do café e aquela maior para servir o arroz. Saber estas diferenças foi um avanço e tanto! Tal meu fracassado instinto culinário. Tenho amigos que preparam a melhor costela, fazem o melhor quibe e até são mestres na elaboração da melhor caranguejada.
São verdadeiros artistas nas preparações de peixes e churrascos, ocasiões em que me sinto um mero aproveitador do suor alheio. Eu apenas como e prestigio sem economizar elogios, melhor maneira de inflar o ego alheio e incentivar a repetição da ágape. Mas no fundo no fundo eu sou um cara sem brilho, frustrado por não ter dotes culinários e não poder contribuir e nem retribuir com o preparo de pratos apetitosos.
Espero que ninguém fique imaginando que estou me fazendo de coitado porque se quisesse poderia muito bem fazer um curso nas várias escolas de culinária que existem em Curitiba. Não! Podem até pensar nisso, mas eu não pretendo desvendar os mistérios do forno e fogão, nunca, jamais! Quero que a vida passe como até aqui tenha passado: o fogão lá e eu aqui!
Está ótimo assim. Minha incompatibilidade com a cozinha é indecifrável e que nem Freud explica. Se com a idade que tenho nunca aprendi não é agora que eu deva aprender, pois até aqui ainda não morri de fome. Peço que ninguém se apiede de mim, pois não sou o inútil que aparento ser nas lides culinárias, afinal sei fazer com esmero e perfeição: ovo no espeto! E sou realizado por isso!