Papel Ridículo
Na minha vida pública por ter sido Promotor de Justiça, Procurador de Justiça e Magistrado nunca tive militância política-partidária, em decorrência de proibição Constitucional, embora quando no Ministério Público tenha exercido por duas vezes cargos políticos. Fui diretor-geral da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Secretário de Estado da Justiça. E nestas oportunidades zelei em primeiro lugar pelo prestígio de minha Instituição, com atitudes e comportamentos que não conspurcasse meu acervo funcional, pessoal e familiar.
Nunca tive pendores à política-partidária e nunca morri de amores por políticos, embora sempre respeitasse quando estes mereciam porque sabia da relevância de suas tarefas. E de igual a única ideologia que professei e continuo professando é a da lei.
E por nunca manter estreito relacionamento com vereadores e deputados estaduais nunca pedi para ser cidadão honorário deste ou daquele município e muito menos fui homenageado pela Assembleia Legislativa do meu estado. E como também nunca fui lembrado por nenhum deles, acho que nunca mereci tamanha distinção.
Mas o que quero mesmo realçar é que embora não tivesse aproximação de compadresco e nem da amizade, assim como muitos vizinhos fazem questão de ter, respeitei e convivi com muitos deles todos políticos de escol e comprometidos verdadeiramente com a vida pública: Ney Braga, Fabiano Braga Cortes, Paulo Pimentel, José Richa, José Hosken de Novaes Álvaro Dias, Mário Pereira, Jaime Lerner e Euclides Scalco. E tenho com cada um deles um fato pitoresco do qual fui protagonista ou testemunha. São episódios que me proponho relatar oportunamente. Nesta crônica vou me ater apenas ao papel ridículo de certos políticos que são verdadeiras “Maria vai com as outras!”
Nas hostes da política-partidária existem o alto e o baixo clero: o primeiro composto pelos políticos experimentados nas urnas são os vencedores e participam da cúpula diretiva dos partidos. Serão os privilegiados no “rateio” do Fundo Partidário, ou seja, aqueles que ficarão com a parte do leão. E o segundo, constituído de aspirantes ao cargo para depois do pleito, derrotados, abiscoitarem um cargo comissionado dos vitoriosos. É com seus minguados votos que cresce o coeficiente eleitoral que resulta na repartição dos cargos de cada partido. São os inocentes úteis ou oportunistas de ocasião. E quando eleito pela primeira vez o novel político pensa que terá voz, oportunidade e meios para propor mudanças ou mudar a história do legislativo pátrio.
Claro que não estou me referindo aos cargos majoritários. Mas quando o vereador, deputado estadual ou federal, e Senador são investidos no cargo tomam consciência que serão liderados e não líderes, pois a mesa diretiva das Casas estão loteadas pelos mais espertos e ensaboados. E daí vem o lado escuro da política: votar com o líder do partido e adotar a linha do “a favor” ou “contra” o Prefeito, Governador e Presidente. E não pode destoar desta posição sob pena de infidelidade partidária.
Exemplo? Ah, são tantos! Mas por brevidade vou citar dois casos emblemáticos e conhecidos pelo grande público. Os aviões da FAB. Nos desgovernos do PT os jatinhos da força aérea brasileira levavam ministros e familiares para cima e para baixo neste país e inclusive fora dele; e ninguém da bancada petista achou ruim.
E agora como perderam a eleição eles se tornaram moralistas e honestos da noite para o dia e exigem providências enérgicas para cessar iguais voos que levam outras pessoas, só que com ideias contrárias às suas. Nos governos Lula e Dilma a corrupção foi institucionalizada e os políticos do PT e suas filiais ideológicas nunca levantaram a voz para pedir um basta. E hoje a deputada Gleisi, logo ela, toma do microfone da Câmara Federal e alardeia para inglês ouvir que o ex-militar assassinado na Bahia é amigo da família do Presidente. E o acusa de manter amizade com um bandido. E o Lula é o quê?
Estas posturas incoerentes de certos politiqueiros é que fazem da política uma prática indigesta e só aquele que tem estômago de avestruz é capaz de suportar e engolir. Enquanto perdurar na vida pública essa estirpe de políticos o país só conseguirá andar para frente aos trancos e barrancos. E pensar que a solução para dar um basta a isto está nas mãos do eleitor: basta saber votar...
“O brasileiro tem que ter consciência que o voto é a maior arma que a democracia oferece ao eleitor. É só através dele que a política pode ser depurada e o politiqueiro banido da vida pública. Vamos fazer uma campanha nesse sentido? A da valorização do voto? O Brasil espera por isso.”
Edson Vidal Pinto
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