Passeata Contra o STF.
Existe uma convocação muito forte na mídia conclamando o povo brasileiro para uma passeata cívica, no próximo dia 26 do corrente mês, contra o Supremo Tribunal Federal.
Eu jamais na minha vida pensei que um dia isto pudesse acontecer -, pois formado há quase cinquenta e dois anos pela Faculdade de Direito da PUC e tendo dedicado minha vida profissional à Justiça como agente do Ministério Público e Magistrado, confesso minha total indignação.
Não contra a manifestação popular que se levanta e exige uma pronta depuração no Poder Judiciário, mas por também por enxergar os maus exemplos praticados por Juízes que denigrem e desonram a Toga que vestem. E para mim não é fácil criticar meus pares, pois todas as vezes que faço parece que arranco um pedaço de minha própria carne, pois exerci a judicatura com o mesmo ideal, amor e respeito com que servi e honrei o Parquet.
Sei que minhas crônicas são amargas quando censuro os integrantes do STF, não perdoando nem aquele que um dia depositei toda a minha esperança de que seria um exemplo para seus colegas, mas que sob minha ótica se deixou trair pela nuvem escura da ideologia nefasta que ele aprendeu no Foro de São Paulo.
Claro que me refiro ao amigo Luiz Edison Fachin, um profissional rotulado com pomposos títulos acadêmicos que iniciou com timidez a arte de julgar e com alguns acertos nas decisões que proferiu, contudo, ao que parece escorregou nas tentações e caiu na rotina da Corte.
Não sei como será o nosso próximo encontro com olhos nos olhos. Também depositei com alguma esperança, mesmo sem conhecer pessoalmente, quando o Alexandre Moraes foi nomeado porquê oriundo do respeitável Ministério Público de São Paulo. Foi um tiro na água. Lamentavelmente suas atuações foram pífias e o pior: tornou-se escudeiro do soberbo e servil Dias Toffoli. Nem falo do Gilmar e dos demais -, porque a própria mídia expõe suas mazelas.
E pensar que o povo quer sair nas ruas para exigir uma nova Justiça que atue com imparcialidade, respeito às leis, aos jurisdicionados e ao país. Lembro com isto um episódio de uma das páginas do livro “Os Miseráveis” de Vítor Hugo, quando o povo sofrido, sem pão, amargando a tirania do Rei e sua privilegiada Corte sempre apaniguada pelos Magistrados franceses, revoltado marcharam em direção à Bastilha e aos gritos repetiam: “Abaixo a prostituta!” - referindo-se à Themis a deusa da Justiça. Tudo porquê aqueles Juizes atendiam ao rei e não se importavam com a voz do povo.
E agora isto: os brasileiros que acreditam e lutam por uma limpeza no país e na busca de melhores tempos para seus filhos e netos, estão se aglutinando para marchar contra os ditadores de Toga que vivem num mundo de sonhos e de benesses públicas. Juiz que não tem a sensibilidade de ouvir os clamores vindo povo é um pobre de espírito que faz da mediocridade a virtude para suas próprias decisões.
E será que o grito das ruas servirá para alguma coisa? Não sei ao certo, mas com certeza esses Juízes que já não saem em público com medo de serem vaiados e tripudiados, continuarão sofrendo a solidão e a amargura do isolamento que plantaram.
E como eles todos nós Magistrados estaremos no mesmo barco porque somos oriundos de uma mesma árvore, porém o viço de nossos frutos não se compara porque são mais doces e não têm o fel da podridão...
“Não é fácil criticar atitudes de pessoas que pertencem a nossa própria Instituição. Porém não temos o direito de calar e ficar omissos para prestigiar o nefasto corporativismo. Prefiro a altivez da autenticidade do que a fama de um coleguismo ligado a cumplicidade!”
Edson Vidal Pinto