Pingo de Consciência
Ninguém duvida da grave crise ocasionada pelo coronavírus, uma tragédia há muito tempo anunciada. Por quê? Porque as cidades do mundo estão degradadas pela falta de saneamento básico, higiene pessoal, relações promíscuas, periferias abandonadas e intenso movimento de imigrantes que invadem sem freios países e continentes.
É claro que as distâncias do planeta diminuíram, aumentando os riscos contra a saúde pública. As disputas étnicas, ideológicas e perseguições religiosas tem propiciado um grande fluxo de pessoas amedrontadas e desassistidas caminhando sem rumo em busca de proteção e abrigo. A ONU é uma sinecura de privilegiados que não tem mais razão nenhuma de existir, pois não consegue numa só mesa encontrar soluções pacíficas para pôr termo nos embates bélicos e nem preservar a vida e integridade física dos “contrários” nos países autoritários. A voz do Papa não tem mais o peso que tinha porque a preferência ideológica castrou a importância da Igreja perante o mundo.
Vale mesmo a força e o dinheiro. Quem pode pode, quem não pode se sacode. Pois, bem. O coronavírus encontrou nesse vasto cenário campo para dominar os seres humanos pelo medo de morrer. É verdade. Todo indivíduo tem na sua natureza criadora o chamado instinto de preservação -, sabemos que vamos morrer um dia mas nos agarramos com unhas e dentes na vida, seja qual for a ocasião e o impasse, pois o medo é o escudo com que cada um tenta driblar desesperadamente o desconhecido. Ninguém quer morrer. Mas é sabido que em todos os tempos e escalas da civilização ocorreram episódios aparentemente invencíveis como as pestes, as doenças e as chacinas das guerras que colocaram e colocam em risco a vida humana sobre a terra.
No século passado a Europa foi abalada com a peste negra, a gripe espanhola, no continente americano veio o tifo, a febre amarela, mais recentemente a dengue e agora o coronavírus, dentre outros. E não vai parar por aí, infelizmente outras “pragas” virão. E em cada período crítico do mundo a vida em sociedade continuou, porque ninguém, de sã consciência pode simplesmente se enclausurar esperando que a nuvem da morte seja milagrosamente dissipada. Lembrando que apenas com a clausura advém outra desgraça: a fome.
Ora, o povo de uma cidade, um estado ou um país não pode ficar hermeticamente contido nos seus limites geográficos por muito tempo, pois o agricultor tem que regar sua lavoura; o pecuarista dar de comer e cuidar de seus animais; os profissionais liberais tem que trabalhar para manter a família; os empregados necessitam agir para preservar seus empregos; os motoristas profissionais garantir seus ganhos e manutenção de seus veículos; os industriais a necessidade de abrirem suas empresas para suprir as necessidades do país; os comerciantes para produzirem dividendos aos cofres públicos; e só os aposentados e idosos por estarem no “grupo de risco” é que podem se dar ao luxo de ficar em casa lutando contra o ócio. Ninguém mais.
As autoridades públicas e os infectologistas já cumpriram suas obrigações ao orientarem como o povo deve proceder, sempre fazendo referências que apenas pessoas com idade superior a sessenta anos que são mais fragilizadas e não tão saudáveis, é que estão dentre o risco da mortandade. Pois os mais jovens, salvo exceções, podem superar os efeitos de tão perigosa doença desde que não se descurem das regras e cuidados necessários para evitar o vírus. Portanto, chegou o momento de colocar a cabeça no lugar, pensar, ter bom senso, cuidados de higiene e decidir como agir. Cada cabeça uma sentença.
Nenhum governo pode querer decidir e impor rígido controle de como a população deve proceder, porque cada indivíduo sabe melhor onde o seu sapato mais aperta para poder caminhar e sobreviver. Só é bom não esquecer que sem produção não há país que sobreviva economicamente; e sem pão na mesa a fome superará o medo do coronavírus ...
“Ninguém é de ferro e nem imortal. Mas cada indivíduo sabe o momento certo para tomar suas próprias decisões. Mesmo na clausura a pessoa necessita comer. Os profissionais da Saúde traçaram o suficiente as regras para combater o coronavírus. Um país, um estado e um município não sobrevive sem o trabalho de seu povo. Eis aí a relevância para por a mão na consciência e deixar para trás o estado de letargia mórbida”.
Edson Vidal Pinto
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