Politização da Notícia
A imprensa brasileira deixou de lado a divulgação pura e simples dos fato e passou a enfocar o acontecido no cotidiano com viés político partidário. Ninguém duvida que em razão da impunidade cresceu assustadoramente nas cidades a escalada da violência e o índice de criminalidade, deixando as populações reféns do próprio medo e da sorte.
O Estado brasileiro sucumbiu nessa batalha pela falta de melhor planejamento do Ministério da Segurança Pública e de logística dos estados-membros, além é claro, da absoluta ausência de política pública na área de recursos humanos da atividade policial por não suprir o necessário o seu efetivo e por não remunerar com dignidade os seus integrantes. A bandidagem tem dinheiro, pessoal, melhor armamento e instalações em verdadeiros quartéis bem protegidos nos bolsões de pobreza espalhados nas periferias e morros das cidades. Nestas áreas que eram denominadas favelas e que agora são referidas como comunidades, convivem marginais perigosos e cidadãos de boa índole, com família bem constituída que nelas repartem os espaços porquê é o lugar em que podem morar. Os traficantes dominam tudo e todos. Esta a realidade de um cenário caótico. Daí quando a Polícia objetiva realizar ação para prender indivíduos procurados ou retomar áreas das mãos de traficantes é recebida a bala, deflagrando normal revide e neste infelizmente pode ocasionar a morte de algum inocente. Na guerra entre a Rússia e a Ucrânia não morre apenas soldados de ambos os lados mas civis que estão no perímetro conflagrado.
Não inventaram ainda uma arma só para policiais e outras só para bandidos cujos projéteis sejam teleguiados para matar apenas os participantes do tiroteio, evitando atingir terceiros. Todo embate com armas de fogo tem resultados nem sempre esperado. A morte de inocentes é fato lamentável e não querido pelos agentes públicos. Para os bandidos todo revide violento tem seu preço e os policiais quando estão na linha de fogo tem plena consciência do risco assumido. Quem combate criminosos num morro ou bairro super habitado como não carrega nas mãos um ramalhete de flores pois o inimigo está esperando para o que der e vier, indivíduo perigoso prefere morrer do que se entregar ou perder espaço dentro da comunidade. Para ser respeitado por todos o traficante não pode aceitar trégua e nem dar sinal de fraqueza.
Então como a Polícia tem que proceder para evitar confronto e não colocar em risco de morte vítimas inocentes ? O Luiz Edison numa visão simplista decidiu proibir que no Rio de Janeiro a polícia pudesse realizar operações visando combater o crime, para evitar a morte de inocentes. E o que aconteceu ? O crime aflorou não apenas nessas comunidades como em toda a cidade.
Ora, se é proibido enfrentar os criminosos para evitar vítimas inocentes então como agir para dar segurança pública às demais pessoas de bem ? Deixar a Secretaria de Segurança de mãos atadas é pactuar com a criminalidade. Só quem esteve na mira de revólver nas mãos de um marginal é que pode ter noção do perigo -, entre matar e morrer corre apenas uma fração de segundos e a ação é reflexo instintivo do indivíduo de preservar sua própria vida ou integridade física. Nada pode ser medido e muito menos as consequências indesejáveis, por alguém que esteja longe do embate, dentro de um gabinete de trabalho, para decidir quando o policial deve ou não atirar. E vida é vida para o marginal, para o policial e para o terceiro vitimado. Num tiroteio tudo é previsível por isso a proteção que cada um deve ter é a única forma de defesa. Não existe outra fórmula mágica. Pois, bem. Há dois dias atrás a polícia carioca com participações da Polícia Federal e Policia Rodoviária Federal realizaram operação na Vila Cruzeiro, zona norte da cidade do Rio de Janeiro que deixou pelo menos 25 marginais, ligados ao narcotráfico, mortos. Infelizmente houve uma vítima moradora no local. O Presidente Bolsonaro elogiou a coragem dos policiais e enalteceu a atuação da polícia. Este o fato. Na plataforma virtual o jornal “Folha de São Paulo” reproduziu o fato mas estampou a foto de uma mulher chorando, ligada a uma das pessoas mortas. Pura conotação política para desaprovar não apenas a operação realizada pelo número de mortes como, principalmente, a fala do Presidente como se este nao se importasse com a vida de um inocente que morreu. É por isto que o país não tem heróis. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A atuação policial é uma e o número de mortos outra.
As circunstâncias do tiroteio é que deverão ser analisadas oportunamente para evitar excessos e punir o dolo. Vítima inocente infelizmente não era o resultado pretendido e sua ocorrência deve ser lamentada. Não existe no mundo como a polícia possa agir no combate aos criminosos, quando estes estão no meio da população, sem perda de vidas de pessoas inocentes. É aquela velha e surrada verdade : o coitado do inocente morreu porque estava no lugar errado e na hora errada …
“Guerra contra o crime é guerra mesmo e não um simples escaramuça entre agentes da lei e marginais. Quem pode mais chora menos. A morte de inocente que está no local ou nas redondezas é uma fatalidade nunca querida
por quem atua para zelar pela segurança pública.”
Édson Vidal Pinto