Primeiro Cachorro E Depois elefante?
Tem situações tão surpreendentes que acontecem no dia a dia que é difícil de acreditar que esteja acontecendo, mesmo sabendo que o nosso mundo está virado de polo para baixo onde o do norte está no sul e o do sul está no norte.
Neste novo Século que ainda está engatinhando estamos vendo ocorrer situações inovadoras e aparentemente assustadoras pelo comportamento das pessoas humanas que nem ousamos pensar o que futuro nos reserva. Os hábitos e costumes que moldam e temperam a vida da sociedade civilizada está sofrendo mutações a olhos vistos, sem parcimônia e nem objeção.
É claro que a tecnologia inovadora deu uma nova dimensão em tudo e mexeu com o gênero humano, mas não creio que tenha contribuído para o novo hábito cultivado por homens e mulheres no relacionamento com seus animais de estimação. Na História quando nos transportamos para os tempos do Império Romano e nos deparamos com o tresloucado Imperador Calígula em uma grande cerimônia pública nomear seu cavalo Incitatus como Senador, é óbvio que ficamos céticos. Demoramos acreditar que tenha sido verdade, mas foi.
Modernamente os cães e gatos passaram a fazer parte das famílias não mais para cuidar da casa ou caçar ratos e brigarem entre si , muito menos para morar em casinha de madeira precariamente construída nos fundos do quintal. Nada disto pois os bichinhos agora residem dentro de casa ou nos apartamentos dividindo com seus “pais adotivos” e “mães aditivas” os mesmos espaços com direito de dormir na cama de seus protetores ; comem ração especial que é muito cara; tem plano de saúde; frequentam consultórios de veterinários; usufruem de butiques para banho e tosa com possiblidade até de serem cremados.
Sem falar que os mais privilegiados comemoram aniversário com bolo de velinhas na companhia de amiguinhos da mesma casta social. Hoje em dia é difícil visitar um parente ou amigo que não tenha um ou mais animalzinho para dividir a atenção na conversa ou disputar com você o espaço no sofá da sala. Tudo bem ? Tudo ótimo porque você não pode reclamar da presença de nenhum deles para não perder a amizade dos amigos que gostam de animais.
E perante a sociedade atual é uma glória ser gay , mas ser dono de um pet ou bichano de raça é uma verdadeiro desbunde. Tanto que na condição de “adotante” a pessoa leva seu bichinho a tiracolo para passear em qualquer lugar, no shopping, num parque publico e viajar dentro de um avião em voo doméstico ou internacional. Todavia levar para dentro de uma repartição pública aí, sim, parece inusitado demais. Eu digo “parece” para não ser censurado pela diretoria da Associação de Proteção aos Animais ou por ONGs do gênero espalhadas por todo o planeta.
Entre nós aqui do Paraná a iniciativa pioneiro coube ao jovem Presidente do TCE que não se separa nenhum segundo de seu belo e dócil cachorro, inclusive quando recepciona em seu gabinete as autoridades que vão visita-lo. Tudo com direito a foto e uso de carro oficial. Um inovador com certeza. Nada contra, pelo contrário. Mas cachorro, melhor dizendo no plural cachorros porque são três, dentro de uma mesma sala de audiência criminal no fórum da Capital isto sim parece demais da conta. Não estou fora da casinha não porque é verdade.
Em pleno Centro Judiciário de Curitiba uma Juíza de Direito preside audiência criminal com seus três pets presentes que lhe roubam a atenção porque de quando em quando “conversa” com um deles com palavras carinhosas e as vezes para lhes chamar atenção por alguma peraltice. Meu Deus o Poder Judiciário desde que o STF começou a trocar os pés pelas mãos está contaminando muitos Magistrados que estão abusando de suas prerrogativas de autoridade, quando não fazem mais uso do termo e da gravata para trabalhar ou trajam roupas inadequadas, falam pelos cotovelos, têm comportamentos estranhos e com isto ferem de morte a liturgia que reveste o ambiente forense e todos os atos públicos de ofício.
E do jeito que a coisa anda não vai demorar muito para que um dos sofisticados inquilinos do STF, que não podem ficar para trás, leve para a sessão de julgamento um gatinho angorá para ficar brincando com um novelo de lã dentro do plenário da Corte, enquanto seu protetor profere seu voto costumeiro para condenar o deputado federal Daniel Silveira, que foi perdoado pelo Presidente da República.
Também pode acontecer que o impoluto e educado Gilmar resolva se antecipar aos seus colegas para levar com igual propósito o seu elefantinho de estimação para ser exibido na TV Justiça…
“Nada contra os animais e seus donos protetores.
Só mesmo contra os excessos sem freios e nem inibições. Parece que o desconfiômetro de certas pessoas precisam urgentemente de regulagem. Nada mais do quê isto.”
Édson Vidal Pinto