Quando as panelas rufam é sinal de advertência!
Tem uma verdade explícita quando o povo bate panelas no instante em que o governante aparece na tela da TV, pois simbolicamente traduz manifestação de censura. E para o Bolsonaro ainda representa um primeiro estágio dessa escala, ou seja, como sinal de advertência, não muito longe de desprezo e reprovação como acontecia com seus antecessores no governo.
Que o Presidente nunca foi e nunca será unanimidade é verdade sabida, pois no país são nítidas as divisões sociais, culturais e ideológica de um povo sofrido que aprendeu a viver no meio da corrupção e da indiferença. Tenho escrito que ele fala demais e isto não é nada bom para quem tem grandes adversários; além do péssimo hábito de usar palavras inadequadas contra seus detratores para demonstrar toda sua indignação; de procurar atritar ao invés de digerir os ataques; e o pior, tem tratado com leviandade assuntos de suma importância.
Parece que ainda não se despiu da farda e nem se afastou da hierarquia militar, tratando a maioria dos brasileiros como se estivesse dando ordem unida e querendo impor apenas a sua vontade. Mas não pode ser assim porque na vida civil e democrática é tudo muito diferente, pois há uma tríplice divisão de poderes. E apesar de estar na política muito mais tempo que serviu as Forças Armadas continua na caserna, entrincheirado e ávido para entrar em combate.
Tem defendido seus filhos sem a indispensável advertência pública de que o presidente é ele, não sua prole, e que cada qual deve responder por seus atos perante a Justiça. Claro que é como cortar a própria carne mas, necessário para dar exemplo à todos de que ninguém está acima da Lei. A sua conivência com o comportamento de seus rebentos tem lhe trazido desgaste perante a Nação.
E o fato do dólar ter alcançado patamar assustador para a economia de todos têm demonstrado um presidente omisso, distanciado do cenário de crise, deixando o Ministro da Fazenda se digladiando sozinho contra moinhos de vento tempestuosos. Nenhum pronunciamento de peso e demonstração de enfrentamento com edição de medidas concretas para acalmar o país, o mercado e o bolso do povo.
Mas não deve ser assim a postura de um dirigente sabidamente honesto, bem intencionado, mas aparentemente disperso e assustado. E no trato da pandemia do coronavírus que está assustando o mundo o Bolsonaro tem sido o pior exemplo. E quando apareceu na TV com máscara de prevenção contra a doença, junto com seus assessores, foi tão caricato que transbordou a própria incoerência. Daí o panelaço!
Para um homem que espancou de vez a corrupção no Governo Federal, constituiu uma equipe de ministros do mais alto nível e conceito, que é temente a Deus e defende a família, não pode perder as rédeas da governabilidade com atitudes improprias e palavras insossas. O povo demonstrou sua insatisfação através do bate panelas, cabe-lhe, agora, buscar reverter a credibilidade perdida e recompor os rumos de seu governo. Ninguém mais tolera político sem timbre e tenacidade para conduzir o país num rumo promissor. Seja qual for a cor partidária e a origem; o povo não abre mãos de um governante sério no trato da coisa pública e suficientemente lúcido, para enxergar onde está o norte apontado pela agulha da bússola...
“Chega de corrupção e o povo deu um basta quando elegeu o Bolsonaro. Cabe-lhe, contudo, governar com tenacidade, prudência e tolerância. Estas são as condições impostas num Estado Democrático de Direito. O panelaço foi demonstração de censura. E retomar as rédeas do bom senso e da governabilidade é o que cabe ao Presidente, se quiser ainda merecer a credibilidade e o devido respeito.”
Edson Vidal Pinto
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