Quando o problema não é nosso
Todo ser humano tem capacidade criativa fora do comum para dar palpite e resolver o problema dos outros. E as vezes aquele que está sentindo na própria pele a angústia de não poder ou saber resolver o impasse, conta sempre com a intromissão indevida de terceiros querendo mostrar solução nem sempre acertada. Os problemas alheios parecem um verdadeiro prato apetitoso que atrai moscas vindo de todos os lados -, e quem não participa diretamente não se furta de comentar o infortúnio com quem quer que seja, basta ter uma única oportunidade para tal.
No âmbito familiar o que aflige um do clã seja qual for o motivo, serve de cardápio para intermináveis e as vezes desairosas críticas:
- Eu tinha certeza que isso aconteceria um dia!
- Pô, demorou muito para acontecer!
- Estava na cara ...
- Só um burro para não enxergar o inevitável!
E assim por diante, pois as maledicências correm de boca em boca na velocidade da luz. A separação de um casal, um acidente, um negócio mal entabulado, uma bebedeira, um palavreado grotesco, o rompimento de uma amizade, uma discussão ou seja lá o que for são fatos comentados, reprisados, requentados e jamais olvidados dentro de qualquer família ou grupo social. E dentre os menos preocupados com o acontecido não faltam os que se arvoram como juízes para condenar o desafortunado, sem dó e nem piedade. São os insensíveis a dor do próximo.
E por que estou conjecturando sobre este tema? Porque o problema dos outros é fácil de solucionar e sempre temos uma saída na ponta da língua. E os nossos problemas? Ah, estes são sempre os piores e de difícil solução. Pelo menos é assim que parece. Vou propor hipoteticamente uma preocupação para aqueles que estão vivendo a pandemia do coronavírus, tendo ciência das recomendações e cuidados ditados pelos médicos e que estão recolhidos em casa sem maiores preocupações.
Mas imaginemos que você não seja aposentado, nem funcionário público, profissional liberal, político, ou empregado com carteira assinada, mas, sim um empresário do comércio cuja atividade é o seu ganha pão e serve de sustento familiar. As portas do estabelecimento estão fechadas, os empregados temporariamente em férias ou dispensados e você em casa no isolamento obrigatório, olhando no calendário os dias voarem.
Os filhos sem poder ir à escola, a mulher nas lides domésticas e você vendo TV mas de quando em quando de olho na “folhinha” da parede. Por quê? Porque no início do mês você tem tributos a recolher, salários e fornecedores para pagar, estoque para conferir, sabendo que nenhum dinheiro entrou no caixa da firma porquê a mesma ficou fechada. Eis xis do problema. Valendo lembrar que hoje é dia três, início de um novo mês, e agora José? Alguém uma única vez se questionou qual a real credibilidade que tem a OMS uma entidade ligada a ONU, esta sabidamente uma maravilhosa sinecura que não tem utilidade para nada? Quantos e quais são os médicos ou cientistas que estudam, planificam e ditam condutas sanitárias para todos os países associados? Ou é um grupelho de políticos e burocratas cegos por ideologia castradora? Alguém já viu algum conceituado médico falando em nome da OMS?
Não sei ao certo embora tenha ouvido comentários e críticas vorazes contra essa entidade. Mas vou procurar saber, com certeza. E daí? você já encontrou uma solução para o “nosso” hipotético empresário? Com certeza, não? É claro que sim: afinal o problema não é nosso. Infelizmente não se trata apenas de um exemplo, mas da mais pura e triste realidade. Saia dessa situação olhando bem nos olhos daqueles que podem se dar ao luxo de ficar em casa , sem maiores preocupações, só driblando
o vírus chinês ...
“Na tempestade é fácil àqueles que estão abrigados e sem preocupações com o amanhã, gritar palavras de ordem para que todos se abriguem para salvar suas vidas. Será que ignoram que os que estão enfrentando o medo da tormenta se arriscam para poder viver? Parece um paradoxo mas não é. É apenas o ângulo de se enxergar o problema perante a crise.”
Edson Vidal Pinto
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